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Israel lança campanha para prevenir suicídios na sua pior crise de saúde mental

LUSA
10-09-2024 20:00h

Israel lançou hoje uma campanha de prevenção de suicídio, numa altura em que enfrenta a pior crise de saúde mental da sua História, dirigida principalmente aos homens, que representam 78% dos casos.

A iniciativa, que coincide com o Dia Mundial da Prevenção do Suicídio, “aborda a dificuldade dos homens em falar sobre os seus problemas e encoraja os amigos e a família a compartilhá-los”, declarou o Ministério da Saúde israelita em comunicado.

“Israel regista anualmente cerca de 500 casos de suicídio (400 dos quais praticados por homens), bem como cerca de 6.000 casos de tentativas de suicídio. São números inimagináveis. É muito importante sensibilizar as pessoas para este fenómeno difícil e para as formas de o reduzir”, declarou Uriel Bosso, ministro da Saúde.

O suicídio é a segunda causa de morte mais comum entre os homens israelitas com idades compreendidas entre os 18 e os 25 anos, pelo que cerca de 20% das mortes neste grupo etário resultam de suicídio.

Entre os homens com idades compreendidas entre os 25 e os 44 anos, 15% das mortes são devidas ao suicídio, enquanto entre os homens com mais de 65 anos a taxa é de cerca de 20 por 100.000 habitantes, três vezes e meia mais elevada do que a taxa global em Israel, que é de 6,4 por 100.000.

Envolvido numa guerra em Gaza, num conflito de ocupações ilegais na Cisjordânia e numa escalada bélica com as milícias no Líbano, Israel encontra-se no meio da sua “maior crise de saúde mental desde a sua criação” em 1948, afirmou Uriel Bosso na semana passada.

Revelando que as doenças mentais se tornaram a principal prioridade do seu ministério, o responsável anunciou que o orçamento para o tratar doenças mentais iria duplicar para cerca de 600 milhões de sekels (mais de 144 milhões de euros) até 2025.

Desde o ataque do Hamas a Israel, a 7 de outubro do ano passado, que desencadeou uma guerra na Faixa de Gaza sem fim à vista, “aumentámos a capacidade dos centros de resistência a um custo de dezenas de milhões de sekels” em tecnologia, equipamento e pessoal, disse o ministro.

O ataque do Hamas resultou em perto de 1.200 mortos e 251 reféns, enquanto a guerra lançada por Israel na Faixa de Gaza fez, até ao momento, cerca de 41 mil mortos, mais de 94 mil feridos e mais de 10 mil desaparecidos.

Pelo menos onze soldados israelitas suicidaram-se desde 7 de outubro, de acordo com os números de uma investigação do jornal israelita Haaretz, mas não existem dados oficiais disponíveis.

Os estudos “sublinham que a dificuldade de revelar o sofrimento emocional e de pedir ajuda aumenta o risco de suicídio”, afirma o Ministério da Saúde, que na sua campanha divulgará os sinais de depressão nos homens, as medidas a tomar em caso de pensamentos suicidas e um número de emergência para pedir ajuda especializada.

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