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Sindicato dos médicos angolanos critica encerramento de cursos de medicina

LUSA
16-08-2024 20:04h

O presidente do Sindicato Nacional dos Médicos Angolanos, Adriano Manuel, crticou hoje o encerramento de cursos de medicina, defendendo ações para garantir a sua qualidade.

Depois de uma avaliação externa dos 115 cursos de Ciências da Saúde ministrados em 49 universidades, o Instituto Nacional de Avaliação, Acreditação e Reconhecimento de Estudos do Ensino Superior deixou de fora 60 cursos, essencialmente pela falta de um bom desempenho qualitativo e quantitativo.

Adriano Manuel defendeu que os cursos devem continuar enquanto se melhoram as condições das instituições, durante um encontro promovido pelo Movimento de Estudantes Angolanos (MEA) sobre “A Problemática do Encerramento dos Cursos de Medicina e Ciências da Saúde nas Universidades Angolanas”..

“Não podíamos resolver o problema de outra forma, continuar a formar, enquanto se melhoram as condições? É ou não possível? Porquê encerrar faculdades de medicina”, questionou.

O sindicalista referiu que o Governo decidiu unilateralmente encerrar os cursos, frisando que docentes da Faculdade de Medicina da Universidade Agostinho Neto, instituição pública, não estão de acordo com essa medida.

“Muitos deles não estão contentes com o encerramento da faculdade, vão ganhar dinheiro durante dois anos sem trabalhar”, disse o presidente do Sindicato Nacional dos Médicos Angolanos, referindo-se ao prazo de dois anos para as instituições apresentarem melhorias.

Adriano Manuel reiterou que se houvesse “vontade política” a qualidade dos cursos podia ser melhorada sem o encerramento das instituições, propondo que hospitais recentemente inaugurados em Luanda sirvam temporariamente para a formação de quadros.

Segundo Adriano Manuel, nestes hospitais podiam temporariamente ser construídas estruturas prefabricadas para servir de salas de aulas para os alunos do ciclo de base e o mesmo seria feito em outras províncias.

O médico pediatra referiu que o país tem docentes, muitos deles licenciandos com recursos públicos, com formações que permitem o exercício da docência, mas encontram-se a exercer em clínicas privadas.

Já o médico angolano Jeremias Agostinho classificou de necessária, principalmente em instituições do ensino superior privadas, a avaliação do Governo, que levou ao encerramento dos 60 cursos de saúde por falta de qualidade.

O docente universitário argumentou que são várias as debilidades organizativas, principalmente em instituições privadas, citando a falta de laboratórios, problemas de estágios e a qualidade dos quadros.

Jeremias Agostinho adiantou que há mais de dois anos o Ministério do Ensino Superior, Ciência, Tecnologia e Inovação produziu um guião de avaliação interna, tendo algumas convidado parceiros internacionais para o efeito, mas outras não, lamentando o fator corrupção.

“Quando é que iríamos começar com o processo de avaliação rigorosa”, questionou este docente universitário, lamentando a atual “banalização” do ensino superior e concordando que “em algum momento teria que haver consequência”.

“Até quando é que nós vamos deixar passar essas deficiências principalmente nas instituições privadas”, interrogou, admitindo que esta medida “vai trazer danos, mas foi necessária”.

Quanto às instituições públicas, Jeremias Agostinho disse que o próprio ministério era o responsável por reforçar os meios, mas não o fez.

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