A Direção-Geral da Saúde (DGS) esclareceu hoje que nenhum dos casos de monkeypox (mpox) reportados em Portugal é da variante mais perigosa da doença (clade I), que apareceu na quinta-feira pela primeira vez na Suécia.
Em resposta à agência Lusa, a DGS explica que “todos os casos reportados em Portugal são da clade I IIb do vírus monkeypox, não tendo sido identificado nenhum caso pela clade I”.
Na quinta-feira, depois de a Suécia ter registado o primeiro caso de uma variante mais contagiosa e perigosa da doença, a Organização Mundial de Saúde (OMS) alertou para a possibilidade de serem detetados na Europa outros casos importados de mpox, anteriormente conhecida como varíola dos macacos.
Segundo a DGS, entre 01 de junho de 2023 e 31 de julho de 2024, foram reportados em Portugal 244 casos de mpox.
Entre maio e julho de 2024 foram reportados três novos casos.
A DGS alerta ainda para a importância da deteção precoce de casos, do diagnóstico e dos mecanismos de prevenção e controlo, visando a redução de cadeias de transmissão quando aparecem novos casos.
A autoridade de saúde recomenda igualmente a vacinação preventiva da população com maior risco de infeção.
Em Portugal, o primeiro alerta para a doença data de 03 de maio de 2022, com a confirmação laboratorial pelo Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge (INSA), de cinco casos do vírus mpox.
Em junho de 2023, foi identificado um segundo surto, ao fim de três meses sem casos reportados no país.
Neste segundo surto, mantém-se o perfil epidemiológico e clínico do primeiro. A quase totalidade dos casos são homens, com idades entre os 19 e os 64 anos.
Desde o início da disponibilidade de vacinas (a 16 de julho de 2022) e 31 de julho deste ano, foram vacinadas 9.391 pessoas. Das 16.706 inoculações, 15.400 (92%) ocorreram em contexto de pré-exposição, segundo o último relatório das autoridades de saúde.
A OMS já tinha declarado, na quarta-feira, o surto de mpox em África como emergência global de saúde, com casos confirmados entre crianças e adultos de mais de uma dezena de países e uma nova variante em circulação.
Esta é a segunda vez em dois anos que a doença infecciosa é considerada uma potencial ameaça para a saúde internacional, um alerta que foi inicialmente levantado em maio do ano passado, depois de a sua propagação ter sido contida e a situação ter sido considerada sob controlo.
A nova variante pode ser facilmente transmitida por contacto próximo entre dois indivíduos, sem necessidade de contacto sexual, e é considerada mais perigosa do que a variante de 2022.
O mpox transmite-se sobretudo pelo contacto próximo com pessoas infetadas, incluindo por via sexual.
Ao contrário de surtos anteriores, em que as lesões eram visíveis sobretudo no peito, mãos e pés, a nova estirpe causa sintomas moderados e lesões nos genitais, tornando-o mais difícil de identificar, o que significa que as pessoas podem infetar terceiros sem saber que estão infetadas.
O mpox foi descoberto pela primeira vez em seres humanos em 1970, na atual RDCongo (antigo Zaire), com a propagação do subtipo Clade I (do qual a nova variante é uma mutação), que desde então tem estado principalmente confinado a países da África Ocidental e Central, onde os doentes são geralmente infetados por animais infetados.
Em 2022, uma epidemia mundial do subtipo clade II propagou-se a uma centena de países onde a doença não era endémica, afetando principalmente homens homossexuais e bissexuais.