A Associação de Paralisia Cerebral de Viseu (APCV) apresentou hoje um projeto inovador, que passa pela entrega ao domicílio de produtos agrícolas produzidos na instituição, com recurso a um “tuk-tuk” elétrico.
“É um ‘upgrade’ do nosso projeto e não queremos ficar por aqui. No futuro, queremos evoluir no nosso projeto”, admitiu hoje o presidente da APCV, Armando Torrinha, que se apresentou com a equipa na Câmara Municipal de Viseu para mostrar o veículo.
O veículo 100% elétrico faz parte do projeto “Ria na Quinta” que envolve, “para já, 10 utentes, mais colaboradores e técnicos” da APCV, que trabalham os “cerca de 2.000 metros quadrados de terreno para produzir produtos agrícolas de forma sustentável”.
“Já temos o nosso balcão onde as pessoas vão comprar os nossos produtos e agora levamos também a casa, embora não possamos ir para longe, não podemos sair do concelho, dada a autonomia do ‘tuk-tuk’”, que é de cerca de 60 quilómetros.
Para Armando Torrinha, o projeto é uma forma de “levar os utentes e a instituição à sociedade, porque a ideia é a inclusão das pessoas com deficiência na comunidade e promover a sua autonomia”.
O veículo resulta de um investimento de 25 mil euros, financiado pela Fundação La Caixa, que considerou o “projeto inovador na região” e “permite criar autonomia às pessoas, que é o mais importante”, defendeu um dos responsáveis em Viseu da fundação, Paulo Silva.
A Câmara Municipal de Viseu financiou em 10 mil euros, “porque era o valor que faltava à instituição para adquirir o veículo”, informou o presidente do Município, Fernando Ruas, que considerou a ideia extremamente interessante.
“A APCV tem feito um trabalho excelente, nem sempre reconhecido, com estas atividades complementares que acho que são fundamentais. E esta é uma maneira de dar a conhecer a instituição”, destacou Fernando Ruas.
O autarca defendeu que, com este projeto, a APCV não está só a mostrar-se, “também está a consciencializar os cidadãos, porque, nesta matéria, as barreiras maiores continuam a ser as da mentalidade, já não tanto as físicas”.
A entrega ao domicílio dos produtos agrícolas arranca em setembro e, até lá, a instituição está “a dar a conhecer o projeto na página da internet da APCV e nas redes sociais para criar a lista de clientes”.
“Eu próprio já disse em casa que somos clientes e já pedi para me incluírem na lista, porque é com todo o gosto que pagarei os produtos ali produzidos”, afirmou Fernando Ruas, que hoje recebeu das mãos da APCV um cabaz simbólico.
O ‘tuk-tuk’, “que tem dado muito nas vistas, talvez por ser o único em Viseu”, disse o presidente da APCV, armando Torrinha, tem capacidade para transportar “até seis pequenas caixas de madeira, feitas de paletes velhas pelos utentes” e pode levar até seis pessoas, incluindo o condutor.