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Intempéries e alterações climáticas afetam produção de açúcar em Moçambique

LUSA
09-08-2024 10:32h

A produção de açúcar na Açucareira de Mafambisse, na província de Sofala e uma das principais de Moçambique, está em queda, devido aos efeitos combinados das intempéries e das alterações climáticas, anunciou a administração.

“Estamos a registar baixas na nossa produção de açúcar devido a algumas dificuldades provocadas pelas intempéries registadas nos últimos anos no país”, disse na quinta-feira, aos jornalistas, o diretor da Tongaat Hulett, grupo que detém a Açucareira de Mafambisse, Pascoal Macule.

O responsável avançou que, das 75 mil toneladas produzidas anualmente pela firma, se baixou para 40 mil nos últimos dois anos, criando avultados prejuízos à fábrica.

Um outro fator que influenciou na forte quebra de produção foi a perda de cerca de 8.000 hectares de cana sacarina, matéria-prima para a produção de açúcar, devido aos efeitos das alterações climáticas: “Isto em Nhamatanda, devido à seca nos nossos campos e ao fenómeno El Niño.”

Localizada no posto administrativo de Mafambisse, no distrito do Dondo, em Sofala, a açucareira tem capacidade instalada para produzir 92 mil toneladas de açúcar por ano.

Moçambique é considerado um dos países mais severamente afetados pelas alterações climáticas no mundo, enfrentando ciclicamente cheias e ciclones tropicais durante a época chuvosa, que decorre entre outubro e abril.

O período chuvoso de 2018/2019 foi dos mais severos de que há memória: 714 pessoas morreram, incluindo 648 vítimas dos ciclones Idai e Kenneth, dois dos maiores de sempre a atingir o país.

A província de Sofala, no centro do território, tem sido das mais fustigadas pelas tempestades.

Já no primeiro trimestre do ano passado, as chuvas intensas e a passagem do ciclone Freddy provocaram 306 mortos, afetaram no país mais de 1,3 milhões de pessoas, destruíram 236 mil casas e 3.200 salas de aula, segundo dados oficiais do Governo.

A Tongaat Hulett anunciou recentemente uma injeção de 500 milhões de rands (25 milhões de euros) nas açucareiras Mafambisse e Xinavane, ambas em Moçambique e nas quais o grupo sul-africano é acionista maioritário.

Os desafios das duas açucareiras nos últimos tempos incluem contrariar um declínio contínuo nas vendas de açúcar e obter apoio para impedir que as importações de açúcar de baixo preço entrem no mercado interno e afetem a produção doméstica.

Para dar volta à situação, segundo o diretor da Tongaat Hulett, a Açucareira de Mafambisse adotou várias estratégias, incluindo a busca de mais parceiros financeiros para alavancar a empresa.

“Reerguemo-nos embora não atingindo as expectativas. Encontrando-nos neste momento a servir os mercados da África ocidental, americano, Maurícias e Moçambique, e pensamos alargar o mercado de exportação do nosso produto para o vizinho Maláui”, concluiu Pascoal Macule.

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