O primeiro-ministro defendeu hoje que o Governo está a cumprir as metas do plano de emergência para a saúde mas admitiu que "seria irresponsável e irrealista dizer que as urgências estão a funcionar bem".
"Aquilo que eu posso dizer é que nós estamos a cumprir. Estamos a cumprir as nossas prioridades. Nós elencámos como prioritário recuperar a lista de espera dos doentes oncológicos e foi materializado, todos aqueles que tinham ultrapassado o tempo máximo de resposta garantido, ou foram operados, ou têm as suas cirurgias agendadas para as próximas semanas", salientou o primeiro-ministro.
Luís Montenegro falava aos jornalistas após uma visita ao hospital Santa Maria, em Lisboa, acompanhado do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, e da ministra da Saúde, Ana Paula Martins.
O chefe do executivo recusou-se a "vender ilusões" aos portugueses sobre o estado atual do setor, afirmando que o Serviço Nacional de Saúde que o atual executivo herdou do anterior socialista estava "absolutamente caótico e sem vislumbrar as melhorias de que carecia".
"Seria uma declaração absolutamente irresponsável e irrealista dizer que as urgências estão a funcionar bem e que há uma capacidade de resposta plena. Nós sabemos que não há. Nós esperamos no próximo verão, com o trabalho que vamos desenvolver durante este ano, não ter os problemas que estamos a ter este verão e sobretudo aqueles que tivemos nos últimos oito anos", realçou.
Contudo, o primeiro-ministro salientou o facto de terem sido registadas "19.050 chamadas de mulheres grávidas, que em vez de andarem à procura de um serviço de urgência disponível para as apoiar, foram encaminhadas para equipas que estavam já à sua espera para as atender".
"Depois de sabermos isto, a pergunta que eu lanço às portuguesas e aos portugueses é: nós estamos com mais ou menos capacidade de resposta? Nós estamos com mais capacidade de resposta. É suficiente para dar a todos o acesso que nós queremos garantir? Não, não é suficiente. Ainda é preciso fazer muito mais", reconheceu.
Montenegro assegurou que "as grávidas portuguesas têm razões para estar hoje mais seguras do que estavam há meio ano atrás".
"E eu quero acreditar e quero dizer-lhes que vão ter razões para estar ainda mais seguras daqui a um ano", acrescentou.
Interrogado sobre a crítica do PS de que a mudança na liderança da direção executiva do SNS contribuiu para a situação atual na saúde, Montenegro recordou que o anterior responsável, Fernando Araújo, demitiu-se.
“Dizer que nós cortámos com tudo o que vinha de trás não é só um exagero, é pura desonestidade”, acusou.
Sobre a alegada recusa do hospital das Caldas da Rainha em atender uma grávida que tinha sofrido um aborto espontâneo, Montenegro não quis comentar o caso concreto e afirmou que vai aguardar pelas averiguações em curso.
O chefe do executivo disse entender que os partidos da oposição chamem “a atenção para os problemas” mas voltou a pedir honestidade.
“Não nos deixarmos levar pela paixão do momento em busca, eventualmente com a pretensão de maior popularidade momentânea, porque as pessoas lá em casa não é isso que querem, querem ver os seus problemas resolvidos”, realçou.
O primeiro-ministro justificou o convite que fez ao Presidente da República para estar presente nesta visita devido ao facto de se tratar do “mais alto magistrado da nação” e que o dever do Governo é informá-lo “sobre todas as suas ações e sobre todos os resultados que vai obtendo”.
Interrogado sobre se a presença do chefe de Estado podia ser interpretado como uma espécie de pedido de ajuda, Montenegro recusou: “Os jornalistas têm uma grande capacidade de criar factos novos e querem transformar um convite com um pedido de ajuda”.
O primeiro-ministro pediu tempo e disse ainda que o Governo quer “recuperar até ao final do ano também as restantes listas de espera”.
“Vamos fazer um esforço no Serviço Nacional de Saúde. Eu destaco que esta recuperação ocorreu com as intervenções em 99% dos casos a serem realizadas dentro do Serviço Nacional de Saúde. Portanto, para todos aqueles que tantas vezes duvidam do nosso empenho em manter vivo e salvar o Serviço Nacional de Saúde, acho que este elemento é um elemento muito impactante”, realçou.