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Oposição na Câmara pede demissão do conselho de administração da ULS de Leiria

LUSA
06-08-2024 19:32h

Os vereadores da oposição na Câmara pediram hoje a demissão do conselho de administração da Unidade Local de Saúde da Região de Leiria (ULSRL), na sequência do encerramento do serviço de urgência Ginecológica/Obstétrica de condicionalismos na urgência geral.

“Estamos numa capital de distrito. Estamos no litoral, somos dos maiores, mais ricos e mais desenvolvidos concelhos a nível nacional e temos grávidas que precisam ir ao Porto para ter uma criança. Se o conselho de administração [CA] é o mesmo, os governos mudam e a situação calamitosa se agudiza, não há condições para continuar em funções. O presidente do CA apresente a demissão para que seja possível nomear outro mais válido e proativo”, disse hoje, durante a sessão da Câmara, o vereador independente eleito pelo PSD, Álvaro Madureira.

Segundo o autarca, o problema atual é o encerramento da urgência obstétrica, mas é transversal à ULS. “Em julho, um conjunto de médicos manifestou publicamente os problemas que existem na USL”, apontou, criticando a avaliação positiva que o presidente da ULSRL, Licínio de Carvalho, fez à agência Lusa dos primeiros seis meses em funcionamento.

Álvaro Madureira apelou ainda ao presidente da Câmara de Leiria, Gonçalo Lopes (PS), que também lidera a Comunidade Intermunicipal da Região de Leiria (CIMRL), para ter “uma posição forte” contra o CA, que “está a ser pago para nos servir”.

O vereador independente eleito pelo PSD, Daniel Marques, acrescentou que sentiu vergonha quando os noticiários abriram a dizer que a situação do hospital de Leiria era a pior do país.

“Isto é uma mancha. E o presidente do CA vem no dia seguinte fazer um balanço positivo, dizendo estar satisfeito com os primeiros seis meses, num contexto que não tem sido muito fácil. Não tem sido fácil para todos nós. Isto revela uma falta de sensibilidade para com os utentes”, afirmou.

Daniel Marques sustentou que “quem não revela sensibilidade e respeito pelos utentes não merece o lugar que tem”.

Já Branca Matos (PSD), que concordou com aqueles vereadores, considerou que o problema não é só a obstetrícia e os partos desviados para o Porto. “Não foi só este serviço que mostra que vai ter falência, mas também o caso da cirurgia geral e da urgência geral, que foram encerrados no período de 03 a 05 de agosto”, disse.

Em resposta, Gonçalo Lopes admitiu ter ficado surpreendido com o encerramento das urgências e dos partos no Porto. “Discordo em absoluto das opções tomadas, quer pela duração do encerramento, quer com as decisões de localização e fi-lo publicamente e junto na entidade responsável”, avançou.

O autarca referiu ainda que já pediu uma reunião à ministra da Saúde na qualidade de presidente da CIMRL, porque a ULS serve uma região mais alargada. “A solução já não está na esfera regional. Só a intervenção nacional poderá dar uma visão estratégica e coordenada”, destacou, ao realçar que se os recursos são escassos terão de ser mais bem distribuídos.

Os partos programados de grávidas de Leiria vão ser feitos no Centro Materno e Infantil do Norte, no Porto, na sequência do fecho da urgência ginecológica/obstétrica do hospital de Leiria até dia 19, refere um esclarecimento enviado à agência Lusa pela Direção Executiva do Serviço Nacional de Saúde (DE-SNS).

Segundo a DE-SNS, o transporte é acautelado pela ULSRL, “estando programados 10 partos para os próximos dias”.

À Lusa, a ULSRL confirmou o fecho do seu serviço de urgência ginecológica/obstétrica desde as 09:00 de sexta-feira e as 09:00 de 19 de agosto, por “falta de recursos humanos”.

“Este encerramento já estava programado de forma a dar uma resposta consistente às utentes e grávidas da ULSRL até ao final do presente ano e foi articulado com a ULS de Coimbra”, adiantou.

Segundo a ULSRL, “as utentes e grávidas da área de influência da ULSRL deverão ligar previamente para a Linha SNS Grávida – 808 24 24 24, para serem encaminhadas, antes de se deslocarem para qualquer unidade de saúde”.

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