A despesa dos utentes com medicamentos subiu 6,8% no primeiro semestre do ano, ultrapassando os 454,5 milhões de euros, enquanto as comparticipações do Serviço Nacional de Saúde (SNS) aumentaram 3,4%, atingindo os 818,1 milhões de euros.
Segundo o relatório da monitorização da despesa com medicamentos em ambulatório referente aos primeiros seis meses do ano, hoje divulgado pelo Infarmed, a classe terapêutica com maior encargo para o SNS foi a dos antidiabéticos, com uma despesa superior a 196,4 milhões de euros (M€), um aumento de 9,2% (mais 16,6 M€).
Depois dos antidiabéticos surgem os anticoagulantes, com uma despesa de 77,4 milhões de euros, uma das poucas que baixou face ao período homólogo (-17,9%, menos 16,9M€), o mesmo acontecendo com os analgésicos estupefacientes, com os quais o SNS gastou 14,9M€ (-23,2%) entre janeiro e junho deste ano.
A substância ativa com maior despesa foi a dapagliflozina, usada para o tratamento da diabetes tipo 2, onde o SNS gastou nos primeiros seis meses do ano mais de 36,7 M€, uma subida de 26,5% relativamente ao período homólogo.
A conjugação dapagliflozina + metformina, para melhorar do controlo glicémico em pessoas com diabetes mellitus tipo 2, originou uma despesa superior a 30,5 M€ (+ 18,3%), segundo os dados divulgados pelo Infarmed.
O relatório indica ainda que a maior descida na despesa com medicamentos se deu na substância ativa apixabano (-42,1%9), que inibe a agregação de plaquetas no sangue, prevenindo a formação de trombos, com a qual o SNS gastou 18,6 M€.
No sentido contrário, a substância ativa com maior aumento de encargo para o SNS foi a dapagliflozina (+26,5%).
Os dados indicam ainda que os utentes gastaram mais 28,9 milhões de euros (+6,8%) em medicamentos do que no primeiro semestre do ano passado, ultrapassando os 454,5 M€.
Estes números vão no mesmo sentido do estudo divulgado no mês passado que indicava que Portugal é o terceiro país da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico) em que a despesa direta das famílias com saúde é mais alta, com os idosos sujeitos a uma maior desproteção financeira nesse tipo de gastos.
Segundo este estudo, realizado no âmbito da Iniciativa para a Equidade Social, uma parceria entre a Fundação La Caixa, o BPI e a Nova SBE, a despesa direta em saúde em Portugal é de 5,2% dos gastos totais das famílias, acima da média de 3% do conjunto dos países da OCDE e apenas superada pela Suíça (5,5%) e pela Coreia (6,1%).
Os dados do Infarmed indicam ainda que o número de embalagens dispensadas no mercado comparticipado subiu 3,6%, atingindo os 95,2 milhões.
O relatório mostra ainda que, no primeiro semestre do ano, houve 3,2 milhões de consultas no SNS, menos 84 mil (-2,5%) do que em igual período do ano passado.
A tendência de aumento da quota de utilização de medicamentos genéricos em meio ambulatório atingiu novo máximo de 52% em unidades dispensadas nas farmácias comunitárias, com os medicamentos anticoagulantes a serem a classe com maior contributo neste aumento.
Relativamente aos medicamentos não sujeitos a receita médica dispensados fora das farmácias, os dados mostram também um aumento de 14,3% no número de embalagens dispensadas face ao semestre homólogo. Os analgésicos e antipiréticos continuam a ser a classe terapêutica mais vendida.