O BE exigiu hoje que o primeiro-ministro “quebre o silêncio” e apresente soluções para o encerramento de várias urgências de ginecologia e obstetrícia no país, responsabilizando o Governo atual e o anterior pela situação.
“É um acumular de casos, são as populações que não estão a ser servidas continuamente e, obviamente, perante o silêncio da senhora ministra [da Saúde], o primeiro-ministro tem a obrigação de quebrar esse silêncio e de apresentar soluções para estes problemas, não pode continuar com esta barreira de silêncio e sem dar respostas às pessoas”, defendeu a deputada do BE Marisa Matias, em declarações à Lusa.
A deputada bloquista criticou o plano de emergência para a saúde apresentado pelo governo PSD/CDS-PP no final de maio, afirmando que “não se traduziu em nenhuma melhoria desta situação, pelo contrário”.
“Não se está a avançar na contratação dos perfis que são necessários - aliás, concursos profissionais com este Governo têm sido todos atrasados - não há uma aposta nos profissionais, nas carreiras, no preenchimento das vagas e, portanto, obviamente a situação agrava-se”, considerou.
Além de criticar o atual executivo minoritário, Marisa Matias responsabilizou também a anterior governação do PS pelo encerramento de urgências, lembrando que os socialistas decidiram “que seria uma boa opção a rotatividade das urgências”.
“Na altura o PSD criticou muito este modelo das urgências ‘pisca-pisca’ e assim que assumiu o poder não só deixou de criticar, como passou a achar que era normal. E tem feito uma enorme confusão em relação às urgências, porque primeiro quis retirar a informação do acesso público, depois afinal depois de muitas críticas e denúncias voltou a colocar essa informação ao público, mas cheia de erros, como foi aliás denunciado, erros em relação às urgências que estariam abertas ou não, e agora temos visto uma sequência de casos graves”, sustentou.
Para o BE, “têm sido cometidos vários erros” no que toca ao Serviço Nacional de Saúde (SNS) nos últimos anos mas “um transversal e infelizmente agravado é o do desinvestimento”.
“O Governo apresentou um plano de emergência do SNS onde não fala de investimentos, onde não refere praticamente a questão das carreiras, das contratações, da valorização dos profissionais e fala muito naquelas páginas de privatização, de transferência para privados. Nós percebemos que há aqui claramente uma intenção de fragilizar ainda mais o SNS para poder ainda passar mais para os privados”, acusou Marisa Matias.
Segundo informação publicada no Portal do Serviço Nacional de Saúde (SNS), estão hoje encerrados quatro serviços de urgência de Ginecologia/Obstetrícia em Lisboa e Vale do Tejo (hospitais Santa Maria, em Lisboa, de Setúbal, Almada, Caldas da Rainha). Também a urgência do hospital de Leiria se encontra fechada hoje, situação que se vai estender até dia 19.
Na sexta-feira, a Ordem dos Médicos alertou para a gravidade de se encerrarem várias urgências, depois de informação publicada no portal do SNS a dar conta do encerramento de 11 serviços hoje e 13 no domingo, o maior número na região de Lisboa (oito no sábado e nove no domingo).
A direção executiva do Serviço Nacional de Saúde (DE-SNS) esclareceria depois que na região de Lisboa e Vale do Tejo estariam abertos oito serviços de urgência de ginecologia e obstetrícia e que seis estariam fechados.
No sábado, o primeiro-ministro, Luís Montenegro, assistiu à nona etapa da 85.ª Volta a Portugal, no Porto, e em declarações aos jornalistas escusou-se a responder a questões sobre o fecho de serviços de urgência de obstetrícia e ginecologia, bem como às críticas do Partido Socialista e do Chega ao Governo, remetendo para "outras oportunidades".