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Relatório das hepatites destaca papel das organizações não-governamentais e comunitárias

LUSA
25-07-2024 07:00h

O diretor do Programa Nacional para as Hepatites Virais (PNHV) destacou hoje a intervenção no terreno de organizações não-governamentais (ONG) que ajudam a promover modos de prevenção e contribuem, indiretamente, para a pacificação social.

“Portugal na área das hepatites virais é dos melhores do mundo. Não é perfeito, mas está entre os que faz as coisas mais bem feitas. Uma das coisas que em Portugal se tem feito muito bem é a atividade das ONG no terreno que estão muito perto de algumas pessoas que têm comportamentos de vida que aumentam a suscetibilidade para hepatite C”, disse Rui Tato Marinho.

Em entrevista à Lusa, no dia em que é apresentado o relatório 2024 do PNHV, um documento que descreve as características clínicas e sociais ligadas às hepatites, descreve as principais atividades de vigilância epidemiológica, prevenção, diagnóstico e tratamento, desenvolvidas no ano passado e traça um roteiro de ação para 2025, o diretor falou do papel das ONG.

“Têm um papel muito importante porque estão mesmo perto das pessoas. Nem toda a gente vai aos hospitais ou aos centros de saúde. E há um contributo indireto porque contribui para a pacificação social (…). Todos colaboram para um bem comum que é ajudar quem está doente, não ser punitivo. Não dizer ‘tiveste a vida assim e assado e [isso] tem consequências’. Trata-se de recuperar as pessoas”, defendeu.

O relatório 2024 do PNHV, um programa prioritário da Direção-Geral da Saúde, destaca mais de uma dezena de organizações não-governamentais e organizações de base comunitária e refere que, desde 2014, ano em que foi implementada em Portugal a estratégia de disponibilização do teste rápido de VHB e VHC em populações-chave e grupos vulneráveis, “tem-se verificado uma cada vez maior adesão deste tipo de estruturas, o que se traduz no aumento do número de testes realizados”.

“O apoio financeiro da DGS para o desenvolvimento de projetos nesta área, bem como o acordo entre o Grupo de Ativistas em Tratamentos (GAT) e a Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo, têm permitido disponibilizar o teste rápido, em diversos contextos e a diferentes populações-chave e grupos vulneráveis, com tendência crescente anual do número de testes rápidos realizados”, lê-se no documento.

Neste contexto, em 2023, foram realizados 28.596 testes de AgHBs (antigénio de superfície do vírus da hepatite B) e 42.739 testes de anti-VHC (anticorpo contra o vírus da hepatite C), com uma prevalência de 1,74% e de 0,98% de resultados reativos, respetivamente.

Assim, citando o documento, verificou-se um aumento do número de testes realizados de cerca de 18% e de 26%, respetivamente.

Num capítulo dedicado a este tema, a equipa que fez o relatório refere, ainda, que em Portugal se encontram em funcionamento três programas de consumo vigiado, dois em Lisboa (um móvel e um fixo) implementados em abril de 2019 e maio de 2021, respetivamente, e um no Porto (amovível) com início em agosto de 2022.

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