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Caso gémeas: Chefe da Casa Civil nega "tratamento de favor" da Presidência da República

LUSA
23-07-2024 15:06h

O chefe da Casa Civil do Presidente da República, Fernando Frutuoso de Melo, negou hoje que tenha havido "qualquer tratamento de favor" por parte de Belém no caso das gémeas tratadas com o medicamento Zolgensma.

"Não houve qualquer tratamento de favor da parte da Presidência da República", afirmou.

O chefe da Casa Civil está a ser ouvido na comissão parlamentar de inquérito ao caso das gémeas luso-brasileiras tratadas no Hospital de Santa Maria.

Na sua intervenção inicial, Fernando Frutuoso de Melo disse que o filho do Presidente da República enviou um email a Marcelo Rebelo de Sousa em 21 de outubro de 2019 "sobre a situação das crianças" e perguntava como era possível ajudar para que as gémeas "pudessem ter acesso ao medicamento [Zolgensma] em Portugal".

Esse email foi encaminhado pelo Presidente da República para o chefe da Casa Civil perguntando se a assessora Maria João Ruela poderia "perceber do que se trata", e a mensagem seguiu depois para a consultora, que pediu "mais detalhes a Nuno Rebelo de Sousa", nomeadamente "se as crianças estavam em Portugal".

 O chefe da Casa Civil descreveu depois a troca de correspondência dos dias seguintes e indicou que no dia 31 de outubro de 2019 o assunto foi remetido ao chefe de gabinete do então primeiro-ministro, "de acordo com o procedimento acordado entre a Presidência da República e o Governo para a transmissão centralizada de correspondência".

A informação chegou também ao chefe de gabinete da secretária de Estado das Comunidades Portuguesas.

"É este o procedimento padrão, dado tratar-se de matéria de competência governamental", salientou, indicando que é o procedimento "adotado em muitos outros casos".

Fernando Frutuoso de Melo disse também que nessa mensagem transcreveu o teor do email de Nuno Rebelo de Sousa e anexou "dois relatórios médicos e os cartões de cidadãs nacionais das duas crianças", mas não omitiu a identificação de quem tinha feito o pedido, "para evitar uma eventual interpretação errónea" quanto a "qualquer tratamento diferenciado" por se tratar do filho do chefe de Estado.

E disse que quis evitar que pudesse ser considerado como “qualquer forma indireta de pressão ou de tratamento de favor”.

Frutuoso de Melo indicou que o filho do Presidente da República e os pais das crianças foram informados deste encaminhamento e de que "a decisão sobre o tratamento era exclusivamente médica, que cabia ao hospital dar resposta quando achasse adequado e que o assunto tinha sido transmitido ao Governo".

"Assim terminou a intervenção da Casa Civil", afirmou. 

O chefe da Casa Civil referiu que a “Presidência da República recebe todos os dias largas dezenas de cartas e emails de cidadãs e cidadãos solicitando as mais variadas coisas” e que desde que Marcelo Rebelo de Sousa tomou posse, em março de 2016, foram recebidas “cerca de 190 mil solicitações e petições” sobre “os mais variados assuntos”.

Fernando Frutuoso de Melo explicou que a Presidência tenta "perceber do que se trata" e "identificar quem é competente para tratar do assunto e como pode um cidadão dirigir-se a essa entidade", sendo "muitas vezes" o assunto encaminhado para essa entidade.

O responsável defendeu que os cidadãos têm o direito de escrever a um órgão de soberania que elegeram e é um dever dar-lhes uma resposta.

"Fazemos deste modo também porque é o que a lei manda fazer", acrescentou.

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