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Técnicos fazem “recomendações muito urgentes” ao Conselho de Administração do HDES - Relatório

LUSA
05-07-2024 18:57h

Os autores do relatório técnico sobre as causas do incêndio que atingiu o hospital de Ponta Delgada fazem “recomendações muito urgentes” à administração, como inspeção a todos os quadros elétricos e melhoria do plano de emergência interna.

Os autores do relatório, João Mota Vieira e Marco Ávila, sugerem no documento, a que a agência Lusa teve hoje acesso, que o conselho de administração (CA) do Hospital Divino Espírito Santo (HDES), na ilha de São Miguel, “desencadeie de imediato as necessárias ações corretivas, com a máxima urgência e sem hesitações”, uma vez que o edifício “continua a apresentar a segurança contra risco de incêndio seriamente comprometida”.

Na área da segurança em edifícios e em instalações elétricas, recomendam que o CA tome medidas com vista à mitigação de risco de incêndio, de graves acidentes de trabalho e de risco de avarias “muito graves em equipamentos de instalações elétricas e térmicas”.

Para mitigação do risco de incêndio propõem, entre outros, a substituição total e integral do atual sistema de deteção automático de incêndio, incluindo cabos, a instalação de sistema de controlo de retentores nas portas corta-fogo, a inspeção e aplicação de “selagens corta-fogo em ductos, passagens de canalizações, couretes verticais, etc., incluindo passagens aéreas nos tetos falsos”.

É ainda recomendada uma “inspeção especializada a todas as baterias de correção do fator de potência instaladas no edifício, nomeadamente no piso 5, incluindo às condições de instalação e validação da vida útil dos respetivos condensadores elétricos”.

Sugere-se igualmente a melhoria de “alguns aspetos do plano de emergência interna, nomeadamente o processo de ativação do mesmo e a identificação clara e objetiva do elemento de ligação/contacto do HDES com as forças exteriores de intervenção”.

A inspeção a todos os quadros elétricos e a inspeção e avaliação da rede de alimentação a quadros elétricos são outras recomendações.

Para mitigação de acidentes de trabalho, “eventualmente mortais”, e do risco de “avarias muito graves” em equipamentos e instalações elétricas e térmicas, os dois técnicos aconselham a constituição de um corpo de engenheiros eletrotécnicos e mecânicos, de uma equipa de eletricistas “especializada, credenciada e formada” e de outra de fogueiros (central térmica), em número adequado à dimensão da unidade de saúde.

Ao Governo Regional, João Mota Vieira e Marco Ávila sugerem que, se ainda não o fez, tome a iniciativa de promover uma auditoria à atuação dos bombeiros de Ponta Delgada no combate ao incêndio, com o objetivo de dotar a corporação “de melhores meios técnicos e humanos”.

“Embora o combate tenha sido eficaz (extinguiu o incêndio), consideramos que possa não ter decorrido da forma mais eficaz (duração aproximada de sete horas)”, apontam.

Por sua vez, no relatório de ocorrência do corpo de bombeiros de Ponta Delgada, também consultado hoje pela Lusa, é referido que o “recurso a estratégia ofensiva e ataque direto” por parte da “equipa de ataque” não causou a extinção do incêndio, tendo antes “agravado ainda as condições de permanência no interior daquelas zonas técnicas, face à produção de vapor de água pela aplicação de água e consequente desequilíbrio térmico no seu interior”.

O recurso dos bombeiros à “linha de espuma física de média expansão” também “agravou ainda mais as condições de permanência” no local, “contribuindo para o golpe de calor sobre os bombeiros” e para a “falta de visibilidade”.

Segundo o relatório, a atuação dos bombeiros iniciou-se às 09:21 minutos do dia 04 de maio com o alerta de incêndio e terminou às 11:55 do dia seguinte com a conclusão das operações de socorro.

O incêndio no hospital de Ponta Delgada teve origem “numa das duas baterias de correção do fator de potência”, segundo o relatório técnico a que a Lusa teve hoje acesso.

“Excluindo a possibilidade de fogo posto, seguramente o incêndio teve o seu foco inicial numa das duas baterias de correção do fator de potência, respetivamente de 200 KVAr e 500 KVAr de de potência, tendo maior probabilidade a de 200 KVAr”, lê-se no relatório assinado pelos engenheiros João Mota Vieira e Marco Ávila.

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