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Saúde e Educação iniciam quarta greve desde o início do ano na Guiné-Bissau

LUSA
24-06-2024 17:34h

A Frente Social, que integra sindicatos dos setores da Educação e da Saúde, iniciou hoje a quarta greve desde o início do ano na Guiné-Bissau, para exigir o pagamento de salários em atraso e a efetivação de contratados.

Fonte da Frente Social disse à Lusa que a greve de três dias começou às zero horas desta segunda-feira para decorrer até quarta-feira e visa “parar os trabalhos nas escolas, hospitais e centros de saúde”.

As consequências da greve já se fazem sentir, tendo o presidente da associação de alunos do principal liceu da Guiné-Bissau, o Liceu Nacional Kwame Nkrumah, de Bissau, Filipe Nanque, notado que a paralisação acontece numa altura em que se vão iniciar as provas globais.

“Sabemos que na Guiné-Bissau os alunos aderem mais à greve do que os próprios professores”, disse à Lusa, apelando ao Governo para “atender às reivindicações” da Frente Social, a qual também exortou “a ter piedade dos alunos”.

No principal centro médico da Guiné-Bissau, Hospital Nacional Simão Mendes, o enfermeiro chefe dos serviços de Urgência, Avelino Manuel Pereira, salientou que “o primeiro balanço da greve é negativo, por ter causado um óbito".

O paciente faleceu quando aguardava para ser atendido no serviço de Urgência, explicou Avelino Pereira.

O responsável indicou que o hospital está com poucos técnicos por causa da greve e só atende doentes em “situação de muita gravidade” e manda para casa os doentes que não apresentem sinais de necessidade de “grandes cuidados”.

“Normalmente temos quatro médicos de plantão, mas neste momento só temos um médico e três enfermeiros, quando normalmente costumamos ter 11”, disse à Lusa.

O enfermeiro apelou ao Governo e à Frente Social para chegarem “a um rápido entendimento” para salvar doentes que procuram ser atendidos nos centros médicos.

Fonte do Hospital Simão Mendes indicou que, “em consequência de falta de atendimento adequado”, faleceu também hoje uma pessoa que aguardava por uma intervenção cirúrgica no bloco operatório.

“É lamentável toda esta situação”, destacou o enfermeiro Avelino Pereira.

A greve acontece em escolas públicas, centros de saúde e hospitais e congrega técnicos de dois sindicatos da Saúde e outros tantos da Educação.

Além de pagamento de 12 meses de salários a profissionais dos dois setores, a greve reivindica igualmente a efetivação de técnicos de saúde e professores contratados pelo Governo que ainda não foram colocados de forma efetiva na lista de servidores do Estado.

Ainda de acordo com a Fonte da Frente Social, o protesto também visa exigir do Governo o pagamento de vários subsídios aos professores e técnicos de saúde, a criação e introdução de um novo currículo para escolas públicas, bem como a melhoria de condições laborais nos dois setores.

Outra reivindicação é a de que o Governo acabe com as “nomeações políticas” de diretores nas escolas e centros de saúde.

“Imagina que temos neste momento centros de saúde dirigidos por pessoas que não têm nenhuma formação na área. Um professor a dirigir um centro de saúde de referência. É inaceitável”, disse João Yoyo da Silva, da Frente Social.

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