SAÚDE QUE SE VÊ

Três detidos na Rússia após hospitalização de dezenas com sintomas de botulismo

Lusa
18-06-2024 16:30h

Três pessoas foram hoje detidas na Rússia por suspeita de ligação a um surto de botulismo, após dezenas de pessoas em quatro regiões do país terem sido hospitalizadas com sintomas da rara e perigosa doença.

As autoridades relacionam o surto com saladas prontas a consumir preparadas por um popular serviço de entregas.

A principal agência de investigação russa, o Comité de Investigação, indicou hoje num comunicado que as autoridades detiveram dois gestores de topo do serviço de entregas e um diretor de uma empresa que produz feijões enlatados, no âmbito de um inquérito criminal sobre a acusação de fabricar e distribuir produtos violando as normas de segurança.

O comunicado não esclarece se os três detidos foram indiciados ou colocados sob custódia.

O botulismo de origem alimentar é uma doença rara causada por uma toxina produzida por um tipo de bactéria chamada Clostridium botulinum.

A ingestão de alimentos contaminados com a toxina pode causar paralisia, dificuldades respiratórias e, por vezes, a morte. Os alimentos enlatados, em conserva ou fermentados de forma incorreta são fontes comuns.

Entre os sintomas típicos do botulismo, incluem-se dores abdominais fortes, vómitos, diarreia, visão turva, boca seca, dificuldade em engolir ou falar e sintomas neurológicos.

Em Moscovo, 121 pessoas procuraram ajuda médica por suspeita de botulismo, indicou na segunda-feira a vice-presidente da câmara, Anastasia Rakova, acrescentando que 55 das pessoas afetadas estão em estado grave, 30 delas internadas nos cuidados intensivos.

Na zona periférica de Moscovo, 20 pessoas, 12 das quais em estado grave, foram hospitalizadas com um diagnóstico preliminar de botulismo, disseram hoje as autoridades de saúde locais à agência noticiosa russa Interfax.

Catorze pessoas diagnosticadas com botulismo foram internadas em hospitais da região de Nizhny Novgorod, cerca de 400 quilómetros a leste de Moscovo, indicou hoje a delegação regional do organismo de vigilância da saúde pública Rospotrebnadzor.

Outras 14 pessoas foram hospitalizadas com botulismo em Kazan, uma cidade cerca de 700 quilómetros a leste da capital russa, de acordo com uma delegação local do Rospotrebnadzor.

Inicialmente, as autoridades de saúde associaram pelo menos alguns dos casos ocorridos em Moscovo a duas marcas de saladas prontas a consumir.

O Rospotrebnadzor suspendeu no sábado a comercialização dessas saladas, enquanto se aguardava a investigação, depois de terem sido registados os primeiros casos de envenenamento.

Agora, as autoridades parecem estar concentradas na investigação de apenas uma das duas saladas, preparada e vendida pelo popular serviço de entregas Kukhnya Na Rayone, que opera em Moscovo, Kazan, Nizhny Novgorod e várias outras cidades.

O Kukhnya Na Rayone suspendeu as operações durante o fim de semana, afirmando num comunicado divulgado ‘online’ que já não vendia a salada que continha feijões em lata e que iria inspecionar também outra comida que preparava.

As autoridades não se pronunciaram ainda definitivamente sobre se a salada ou os feijões enlatados estavam de facto contaminados, mas foi iniciada uma investigação criminal e foram detidos o diretor do serviço de entregas Kukhnya Na Rayone, Anton Lozin, a responsável do seu departamento de qualidade, Yelena Mashkova, e Vladimir Shin, diretor da Savon-K, uma empresa que produz feijões enlatados, segundo o Comité de Investigação.

MAIS NOTÍCIAS