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Israel: Exército reivindica morte de responsável do Hamas em hospital de Gaza

Lusa
18-03-2024 14:11h

O Exército israelita reivindicou hoje a morte do chefe do departamento de segurança interna do movimento islamita Hamas durante a incursão desta madrugada no hospital Al Shifa, na cidade de Gaza, norte do enclave palestiniano.

Em paralelo, o gabinete de imprensa das autoridades de Gaza, controladas pelo Hamas, acusou militares israelitas do espancamento e detenção de diversos jornalistas no interior deste hospital, e considerou que o Exército israelita “tem total responsabilidade sobre a segurança e a vida dos trabalhadores dos ‘media’ que levou para destino desconhecido”.

De acordo com responsáveis militares israelitas, “as forças de segurança mataram o chefe de departamento de segurança interna do Hamas”, Faaq Mabhu, após os serviço de informações terem referido “a presença de altos cargos do Hamas” nas instalações.

Os militares dizem que ”, Faaq Mabhu foi morto “numa troca de disparos” no interior do complexo hospitalar onde “trabalhava para promover atividades terroristas”, antes de sublinhar que “era responsável, entre outras coisas, de sincronizar os mecanismos do Hamas na Faixa de Gaza em rotinas e combates”.

O comunicado das autoridades de Gaza revela que os militares “prenderam um grupo de jornalistas e trabalhadores dos ‘media’ que faziam a cobertura da agressão israelita no interior do hospital Al Shifa e relatando o sofrimento do povo palestiniano, dos feridos, dos doentes e dos famintos”.

“Condenamos nos termos mais firmes estas flagrantes violações cometidas pelo Exército de ocupação”, prossegue o comunicado, antes de também responsabilizar os Estados Unidos e a comunidade internacional pela segurança destes jornalistas.

O texto emite ainda um apelo às organizações internacionais dos ‘media’, incluindo a Federação internacional de jornalistas (FIJ) que “exerçam todas as formas de pressão sobe a ocupação para que termine a sua guerra genocida” e denunciou que desde o início do atual conflito israelo-palestiniano, em 07 de outubro passado, já foram mortos 135 jornalistas.

Algumas horas antes, o porta-voz do Exército israelita, Daniel Hagari, tinha anunciado uma “operação precisa” no hospital Al Shifa, o maior complexo hospitalar da Faixa de Gaza, alegando que possuir informações dos serviços secretos sobre o uso do edifício por destacados terroristas do Hamas, e ainda precisar que “a guerra é contra o Hamas e não contra o povo de Gaza”.

Em resposta, as autoridades da Faixa de Gaza acusaram o Exército israelita de cometer “flagrantes crimes de guerra” na sua incursão militar”, e com o Hamas a afirmar que os militares “atacam diretamente os edifícios do hospital, sem preocupação pelos doentes, os médicos ou os deslocados que estão no seu interior”.

Nesse dia, 1.139 pessoas foram mortas, na sua maioria civis mas também perto de 400 militares, segundo os últimos números oficiais israelitas. Cerca de 240 civis e militares foram sequestrados, com Israel a indicar que mais de 120 permanecem na Faixa de Gaza.

Em retaliação, Israel, que prometeu destruir o movimento islamita palestiniano, bombardeia desde então a Faixa de Gaza, onde, segundo o governo local liderado pelo Hamas, já foram mortas pelo menos 31.700 pessoas – na maioria mulheres, crianças e adolescentes – e feridas mais de 70.000, também maioritariamente civis.

As agências da ONU indicam ainda que pelo menos 160 funcionários foram mortos em Gaza desde 07 de outubro.

A ofensiva israelita também tem destruído a maioria das infraestruturas de Gaza e perto de dois milhões de pessoas foram forçadas a abandonar as suas casas, a quase totalidade dos 2,3 milhões de habitantes do enclave.

A população da Faixa de Gaza também se confronta com uma crise humanitária sem precedentes devido ao colapso dos hospitais, ao surto de epidemias e escassez de água potável, alimentos, medicamentos e eletricidade.

Desde 07 de outubro, pelo menos 418 palestinianos também já foram mortos pelo Exército israelita e por ataques de colonos na Cisjordânia e Jerusalém Leste, territórios ocupados pelo Estado judaico, para além de se terem registado perto de 7.000 detenções e mais de 3.000 feridos.

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