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Israel: Egito diz não ter recebido respostas ao plano para resolver a guerra de Gaza

Lusa
28-12-2023 15:44h

O Egito ainda não recebeu qualquer resposta ao plano triplo apresentado às partes envolvidas para resolver a guerra na Faixa de Gaza, indicou hoje o chefe do Serviço de Informação do Estado egípcio, que atua como porta-voz do Governo.

"O Egito confirma que ainda não recebeu qualquer resposta à proposta de enquadramento das partes envolvidas", disse Diaa Rashwan em comunicado.

Rashwan confirmou que o Cairo já apresentou uma proposta de enquadramento para "tentar aproximar todas as partes envolvidas num esforço para parar o derramamento de sangue palestiniano, a agressão contra a Faixa de Gaza e restaurar a paz e a estabilidade na região".

Rashwan disse que o quadro foi redigido após o Egito “ter ouvido as opiniões de todas as partes envolvidas", que não designou, tratando-se de uma proposta que inclui "três fases sucessivas e interligadas, culminando num cessar-fogo".

O chefe do Serviço de Informação do Estado egípcio não entrou em pormenores sobre as fases em causa.

"Uma vez recebidas as respostas das partes interessadas, a proposta será elaborada em pormenor e anunciada na íntegra ao público egípcio, árabe e internacional", concluiu.

Na terça-feira, fontes palestinianas e egípcias familiarizadas com as conversações disseram à agência noticiosa espanhola EFE, sob condição de anonimato, que o Egito propôs ao grupo islamita Hamas e à Jihad Islâmica um "diálogo nacional palestiniano" para acabar com a divisão entre as várias fações e formar um governo tecnocrático na Cisjordânia e em Gaza.

Este governo supervisionaria a reconstrução da Faixa de Gaza e abriria caminho para a realização de eleições parlamentares e presidenciais palestinianas.

Esta proposta é o segundo ponto do plano de três eixos que o Egito apresentou aos dois movimentos palestinianos, após duas reuniões separadas no Cairo, e cujo objetivo final é conseguir a cessação definitiva dos ataques ao enclave e a retirada do exército israelita, segundo as fontes.

O outro eixo do plano é uma trégua de duas semanas em troca da libertação de 40 reféns israelitas e 120 palestinianos, disseram as fontes.

Rashwan disse ainda, mas novamente sem avançar pormenores, que "tudo o que está relacionado com o governo na Palestina é uma questão puramente palestiniana e é objeto de discussão entre todas as partes palestinianas".

O Hamas e a Jihad Islâmica insistiram em não negociar qualquer acordo enquanto prosseguirem os ataques israelitas a Gaza e reiteraram que a troca de prisioneiros deve ser "todos por todos", enquanto o Egito apelou às partes para que façam concessões para pôr fim ao conflito, adiantaram as mesmas fontes.

Entretanto, na Cisjordânia, a Autoridades Nacional Palestiniana (ANP), alertou hoje que, enquanto Israel faz “orelhas moucas aos apelos da comunidade internacional para pôr fim à sua ofensiva contra a Faixa de Gaza”, as autoridades israelitas estão a implementar "deliberadamente" uma "catástrofe humanitária" para completar o "genocídio" no enclave.

"Israel cria deliberadamente um ambiente propício à propagação de doenças mortais, epidemias e fome, a fim de completar o genocídio do nosso povo na Faixa de Gaza", denunciou o Ministério dos Negócios Estrangeiros palestiniano, num comunicado publicado na sua conta na rede social X (ex-Twitter).

Manifestando desconforto perante o "fracasso" de todas as exigências da comunidade internacional, a ANP disse que, de certa forma, não está surpreendida, uma vez que Israel está a levar a cabo as ações de um "Estado ocupante", ou seja "destruição, genocídio" e, ao mesmo tempo, a decidir o "destino" dos cidadãos da Faixa de Gaza.

"O governo israelita é total e diretamente responsável por esta situação catastrófica que é uma vergonha para a humanidade, especialmente porque Israel cria deliberadamente um ambiente mortal para os seres humanos", insistiu o Ministério dos Negócios Estrangeiros.

A este respeito, salientou que, apesar dos avisos contínuos das agências da ONU, de governos estrangeiros e de outros organismos internacionais, Israel persiste em cometer "crimes de guerra", como a morte de milhares de civis, a deslocação forçada ou o bombardeamento de instalações médicas e abrigos.

"Esta catástrofe inclui todos os aspetos da vida palestiniana [...], o que torna a Faixa de Gaza um lugar inabitável", denunciou.

Segundo o mais recente balanço fornecido pelas autoridades de Gaza, mais de 21.300 pessoas foram mortas pelas forças israelitas desde que estas iniciaram a sua ofensiva no enclave palestiniano, a 07 de outubro, em resposta aos ataques do Hamas que causaram 1.200 mortos e permitiu o sequestro de 240 pessoas, feitas reféns.

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