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África enfrenta "crise alimentar sem precedentes", alertam ONU e União Africana

LUSA
07-12-2023 13:11h

O continente africano enfrenta uma "crise alimentar sem precedentes", com cerca de 282 milhões de pessoas em situação de desnutrição, o que equivale a 20% da população, alertaram hoje as Nações Unidas e a União Africana.

"A deterioração da situação de segurança alimentar e a ausência de progresso rumo às metas mundiais de nutrição da Organização Mundial de Saúde tornam imperativo que os países intensifiquem os seus esforços", disse o subdiretor da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO), Abebe Haile-Gabriel, ao apresentar um novo relatório da organização.

Citado pela agência espanhola de notícias, a Efe, o responsável acrescentou que "depois de um largo período de melhorias entre os anos 2000 e 2010, a fome piorou substancialmente e a maior parte desta deterioração produziu-se entre 2019 e 2022".

O estudo foi apresentado hoje na Comissão Africana de Estatísticas Agrícolas (AFCAS) da FAO, com participação da Comissão Económica das Nações Unidas para África (UNECA), do Programa Mundial Alimentar e do secretariado da União Africana.

A investigação revelou que cerca de 78% da população de África, equivalente a mais de mil milhões de pessoas, "continua sem conseguir ter uma dieta saudável, em comparação com 42% a nível mundial", com os peritos a alertarem para a influência do aumento dos preços alimentares, sobretudo na África de leste e ocidental, na degradação dos hábitos alimentares dos africanos.

Os problemas alimentares refletem-se com particular incidência nos mais jovens, havendo cerca de 30% de crianças com atrasos no crescimento por terem dietas desadequadas à sua idade e às suas necessidades.

"Esperamos que estes dados impulsionem a transformação dos sistemas agroalimentares, e também de outros sistemas, como a educação, a saúde e a energia, para conseguirmos melhoras na produção, na nutrição e no meio ambiente e na vida de todos, garantindo que ninguém seja deixado para trás", defenderam os autores do relatório num comunicado citado pela Efe.

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