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UE vai à China pedir melhor relação comercial, influência na Rússia e ajuda a Gaza

Lusa
05-12-2023 17:45h

A União Europeia (UE) vai na cimeira com a China, agendada esta semana para Pequim, exigir uma relação comercial mais equilibrada, mas também uma maior influência junto da Rússia para acabar com a guerra ainda em curso na Ucrânia.

A atual situação no Médio Oriente também consta entre as prioridades da agenda traçada por Bruxelas para o encontro, em particular um reforço da ajuda humanitária à Palestina, na sequência do conflito em Gaza entre Israel e o grupo islamita palestiniano Hamas.

Naquela que é a primeira reunião de alto nível presencial desde 2019, a UE já não é a mesma que era antes da pandemia de covid-19 e, dadas as lições aprendidas nessa altura pela dependência chinesa em vários setores, Bruxelas vai agora confrontar Pequim com questões como o elevado défice comercial entre ambos os blocos, que ascende hoje a cerca de 400 mil milhões de euros.

“Temos três principais objetivos” e um deles “assenta nas relações bilaterais e, nesse domínio, queremos uma relação comercial mais equilibrada”, disseram fontes europeias na antevisão desta cimeira UE-China, que decorre na quinta e sexta-feira em Pequim.

Outras fontes realçaram que o atual desequilíbrio entre os dois blocos – por questões como barreiras chinesas às empresas europeias, apoios públicos chineses às empresas nacionais e discrepâncias nas exportações – é visto com “muita preocupação” pelo lado europeu, dado que não permitirá “um futuro sustentável”.

Situação que Bruxelas quer alterar, pedindo a Pequim “um diálogo construtivo com vista a alcançar relações económicas equilibradas”.

Em 2022, as trocas comerciais europeias com a China foram marcadas por um défice comercial de cerca de 396 mil milhões de euros, um máximo de pelo menos 10 anos, dadas as importações comunitárias de 626 mil milhões de euros e as exportações para o bloco chinês de 230 mil milhões.

Outro dos objetivos desta cimeira UE-China, na visão do bloco comunitário, é “diversificar a cadeia de abastecimento e reduzir os riscos”, de acordo com as fontes europeias, quando se verifica dependência europeia em componentes como semicondutores ou matérias-primas críticas, cuja escassez durante a pandemia provocaram ruturas de ‘stock’ na União.

Além disso, as atuais guerras na Ucrânia, causada pela invasão russa, e no Médio Oriente, entre Israel e o grupo islamita Hamas, estarão igualmente em cima da mesa.

A UE vai, desde logo, pedir que a China “use a sua influência sobre a Rússia para parar a guerra e que evite ajudar a Rússia na evasão às sanções” europeias, segundo as fontes comunitárias.

“Pensamos que a China ainda não se distanciou totalmente da guerra na Ucrânia e tem obrigação de o fazer enquanto membro do Conselho de Segurança das Nações Unidas”, vincaram, apesar de reconhecerem não existir para já “qualquer prova de cooperação óbvia com a Rússia”.

No que toca ao conflito no Médio Oriente, “será uma oportunidade para encorajar os nossos parceiros chineses a enviar ajuda humanitária para a Palestina”, dados os bombardeamentos israelitas em Gaza, adiantaram as fontes europeias.

Hoje mesmo, a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, disse que a cimeira entre a UE e a China será feita “de escolhas”, avisando que Bruxelas “não tolerará” mais desequilíbrios nas relações comerciais e económicas.

Numa entrevista ao projeto European Newsroom (Redação Europeia), de que a Lusa faz parte, conduzida pela agência de notícias AFP, Von der Leyen admitiu que ainda persiste “um crescente desequilíbrio comercial”, pelo que Bruxelas vai pedir “equidade” em Pequim.

Pedindo que a China não seja apenas vista “como parceiro comercial e potência industrial, mas também como concorrente tecnológico no poder militar e como um ator global que tem visões distintas e divergentes sobre a ordem global”, Ursula von der Leyen indicou que, na cimeira, será abordado “o posicionamento” chinês relativamente à invasão russa da Ucrânia e ao conflito no Médio Oriente e como “unir forças no combate às alterações climáticas e na proteção da biodiversidade”.

Ursula von der Leyen vai, juntamente com o presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, e o Alto Representante da União para os Negócios Estrangeiros e Política de Segurança, Josep Borrell, representar o bloco europeu nesta cimeira, que se traduz num diálogo ao mais alto nível sobre as relações UE-China e também sobre questões internacionais.

Previstos estão encontros destes altos funcionários da UE, à margem da cimeira, com o Presidente chinês, Xi Jinping, e com o primeiro-ministro, Li Qiang, em duas sessões separadas.

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