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Alto Minho exige explicações do Governo sobre encerramento de urgência de Monção

LUSA
30-11-2023 19:52h

O presidente da Comunidade Intermunicipal (CIM) do Alto Minho disse hoje que os autarcas da região exigem explicações do Governo sobre o encerramento, entre sexta-feira e domingo, do Serviço de Urgência Básico (SUB) do centro de saúde de Monção.

“Temos de manifestar a nossa indignação, dizer que não concordamos, não aceitamos e queremos explicações. Que a tutela, depois a direção executiva do Serviço Nacional de Saúde (SNS) e, finalmente, o conselho de administração da Unidade Local de Saúde do Alto Minho (ULSAM) nos digam exatamente o que irá acontecer no futuro”, afirmou Manoel Batista.

O conselho de administração da Unidade Local de Saúde do Alto Minho (ULSAM) revelou hoje que o SUB do centro de saúde de Monção estará encerrado entre sexta-feira e domingo.

O socialista que preside à CIM do Alto Minho, que falava em conferência de imprensa, disse que os autarcas não se querem “intrometer” nas “questões de índole profissional, de ordens, ou de dificuldades de gestão do conselho de administração da ULSAM, mas pretendem “defender a qualidade de vida das populações” e, nesse sentido, “reivindicam” que não aconteçam novos encerramentos.

“Tememos que o encerramento deste fim de semana se transforme num encerramento a acontecer ao longo do mês de dezembro”, sublinhou.

Manoel Batista disse que o encontro com os jornalistas “é uma primeira ação” dos autarcas do distrito de Viana do Castelo e que, na segunda-feira, antes da Assembleia Intermunicipal da CIM do Alto, a situação será analisada.

“Veremos se dessa conversa sairá mais alguma ação concreta”, referiu.

Manoel Batista, que é também presidente da Câmara de Melgaço, município afetado pelo encerramento do SUB de Monção, apelou "a quem tem em mãos a resolução desta matéria que seja capaz de fazer o que tem de ser feito para que as populações não sejam privadas de um direito fundamental como é a saúde".

“Não podemos correr o risco que em Ribeiro de Baixo [Melgaço], que fica a 140 quilómetros de distância de Viana do Castelo, alguém tenha um problema grave de saúde, este fim de semana, e para ser socorrido tenha de percorrer uma hora e meia, duas horas para poder chegar a um serviço de urgência. Isso não é admissível”, especificou.

Manoel Batista adiantou que “se há dificuldades” de ter em funcionamento o SUB de Monção no primeiro fim de semana de dezembro”, é expectável “que as dificuldades se mantenham e que o encerramento daquele serviço “se venha a repetir”.

"Não podemos tolerar este fim de semana, nem nos próximos”, disse, alertando que “situações mais urgentes possam resultar em tragédia”.

Questionado sobre se a situação dos serviços de saúde na região está a agravar-se pelo facto do conselho de administração da ULSAM estar reduzido a dois elementos, Manoel Batista disse que "sobre esse assunto a CIM do Alto Minho já fez tudo o que tinha a fazer”.

“A quase inexistência de conselho de administração, hoje composto por duas pessoas quando legalmente tem de ter seis, já foi bastante debatida com quem de direito”, observou.

Manoel Batista disse acreditar que “apesar do período politicamente delicado, ainda haja coragem e vontade política para que o processo seja resolvido até final do ano, ou no princípio do próximo ano”.

“É uma exigência nossa, há muito tempo”, frisou.

O presidente da Câmara de Monção, presente no encontro com os jornalistas, onde também estiveram ou se fizeram representar os 10 autarcas do Alto Minho, disse que o SUB instalado no concelho fecha “durante três dias para garantir a abertura do hospital distrital de Viana do Castelo”.

“É extremamente grave. Como é possível termos chegado a este ponto”, sublinhou o autarca social-democrata, António Barbosa, preocupado com o população idosa e com a falta de vias rápidas nos concelhos de Monção e Melgaço.

Segundo dados divulgados na conferência de imprensa, o encerramento do SUB de Monção tem impacto direto em cerca de 20% da população do Alto Minho, cerca de 49 mil utentes, sobretudo crianças e pessoas mais idosas.

De acordo com dados do Censos 2021, apontados pelo líder da CIM, a população residente no Alto Minho cifrava-se em cerca de 245 mil habitantes, sendo que a população idosa apresenta valores bastante superiores à média regional e nacional, 28,1%.

“O público mais afetado com este encerramento é dos concelhos de Melgaço, Monção e Valença, onde a taxa de envelhecimento é maior que a média do Alto Minho”.

Manoel Batista disse ainda que, “segundo o relatório e contas de dezembro 2022, a ULSAM tinha 250 mil inscritos e que os utentes com idade igual ou superior a 75 anos representam 19% da procura no global do Alto Minho”.

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