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Covid-19: Angola prevê saldo económico muito negativo no primeiro trimestre

LUSA
05-03-2020 18:02h

O ministro da Economia e Planeamento de Angola disse hoje, em Luanda, que o Governo angolano antecipa um saldo “muito negativo”, devido aos efeitos do novo coronavírus, apesar de o balanço ser feito apenas no próximo mês.

Sérgio Santos falava à imprensa à margem da cerimónia de tomada de posse dos membros dos órgãos sociais da Federação das Câmaras de Comércio e Indústria de Angola (FCCIA), que congrega um total de 26 filiados.

No seu discurso, o governante angolano sublinhou que este é um mês “muito difícil”, salientando que o Fundo Monetário Internacional (FMI) previa já em janeiro uma contração da economia mundial, agora agravada com a crise na China.

“Agora em março começamos a sentir os verdadeiros efeitos do mundo global. Uma crise num dos países do mundo de facto tem um impacto muito sério em toda a geografia mundial e estamos a viver agora os efeitos de uma crise que esperamos bem seja passageira”, disse Sérgio Santos.

Olhando para a realidade local, o ministro referiu que grandes companhias de aviação deixaram de servir o mercado chinês, “por isso o fluxo de pessoas está a diminuir”.

“Isto significa que se compra menos, de facto vamos ter um trimestre - ainda não se fez o balanço, cremos que em abril nós teremos um balanço dos três primeiros meses do ano e vamos ver os números”, referiu o ministro.

Segundo o ministro, os efeitos são globais e Angola está a verificar “como está a evolução do preço do petróleo”, que é a sua principal receita de exportação, sentindo também a redução do nível do fluxo migratório.

“Quando o movimento de pessoas, de capitais, reduz no mundo sentimos imediatamente o impacto, por isso mesmo temos que nos virar mais para dentro, para Angola, e servir o mercado interno, penso que internamente temos muito espaço para crescer, vamos ter dificuldades no volume de exportações, certamente, vamos ter dificuldades no volume de turistas que possam vir para o nosso país, mas temos muitas oportunidades internamente para desenvolver”, defendeu.

Questionado se a execução do Orçamento Geral do Estado (OGE) para este ano fica afetada, Sérgio Santos rejeitou a ideia, salientando que “o que vai ficar afetado, certamente, é a economia internacional”.

“Que vamos ter menos sítio para vender e os empresários vão ter alguma dificuldade. Esperamos que o tema do coronavírus se reverta em abril - há quem diga que são crises cíclicas e que provavelmente a epidemia, em abril ou maio vá terminar, ainda assim os efeitos estão aí, o primeiro trimestre tem um saldo muito negativo”, disse.

O titular da pasta de Economia e Planeamento frisou que a economia angolana iniciou com uma grande expectativa de crescimento este ano, havendo uma mobilização muito grande de recursos, principalmente públicos, para apoiar o crédito.

“E pensamos que a economia angolana está bem, temos é a expectativa que eventualmente os fluxos diminuam se se mantiver mais tempo a crise que o coronavírus está a causar”, salientou.

Relativamente a uma possível escassez de produtos, tendo em conta a diminuição das importações para a China, país que lidera a lista de casos, Sérgio Santos afastou o cenário, referindo que as reservas de bens estão bem.

“As trocas começam a ser um problema agora, o preço do petróleo começa a estar abaixo da referência orçamental, mas ainda é o primeiro mês, vamos é prepararmo-nos - como estamos habituados, nós já estávamos em crise - vamos é preparamo-nos para enfrentar algo se durar mais tempo”, concluiu.

O surto de Covid-19, detetado em dezembro, na China, e que pode causar infeções respiratórias como pneumonia, provocou cerca de 3.300 mortos e infetou mais de 95 mil pessoas em 79 países, incluindo nove em Portugal.

Das pessoas infetadas, mais de 50 mil recuperaram.

Além de 3.012 mortos na China, há registo de vítimas mortais no Irão, Itália, Coreia do Sul, Japão, França, Hong Kong, Taiwan, Austrália, Tailândia, Estados Unidos da América e Filipinas, San Marino, Iraque, Suíça e Espanha.

A Organização Mundial de Saúde (OMS) declarou o surto de Covid-19 como uma emergência de saúde pública internacional e aumentou o risco para “muito elevado”.

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