"Em Nairobi [capital do Quénia], local onde nasceu o programa CHEP ['Projeto de Saúde Infantil', na sigla em inglês], a mortalidade infantil chega a 150, em crianças com menos de 01 ano de idade, para cada 1.000 nados-vivos”, afirmou a médica premiada, numa conferência de imprensa organizada pela organização não-governamental (ONG) Harambee.

Kyamummi, médica anestesista e de cuidados intensivos, trabalhou durante dois anos neste projeto no Quénia, onde conseguiu cuidar de mais de 5.000 crianças.

O novo desafio para a médica premiada é levar este projeto para o seu país, o Uganda, e continuar a salvar crianças.

Para Irene Kyamummi, é importante a implementação, em África, de uma “cultura de saúde”.

A médica salientou ainda que no seu país, cuja população é de 42 milhões de pessoas, mais de metade dos habitantes são crianças (23 milhões) e que nas zonas rurais “três em cada 10 crianças com menos de 05 anos sofrem de desnutrição e dois milhões sofrem de atrasos no desenvolvimento”.

Este projeto não se foca apenas em ajudar as crianças, mas também em apoiar os seus pais, procurando assim um “efeito multiplicador”.

O presidente da ONG Harambee em Espanha, Antonio Hernández, destacou que este projeto é especial porque nasceu de “uma realidade local e não de uma ideia de escritório”.

A médica ugandesa dedicou este prémio às “milhares de mulheres na África Subsaariana que fundaram as suas próprias empresas”.

“Os países à minha volta, segundo o Banco Mundial, têm a maior taxa de empreendedorismo do mundo, e [esta] é a única região onde as mulheres estão mais dispostas a investir mais do que os homens. Não queria deixar de partilhar esta alegria, e este prémio, com todas aquelas mulheres”, declarou a médica.