SAÚDE QUE SE VÊ

Covid-19: OPEP vai propor corte da produção de 1,5 milhões de barris por dia

LUSA
05-03-2020 13:44h

A OPEP acordou hoje defender um corte adicional da produção de 1,5 milhões de barris por dia devido ao impacto da epidemia do novo coronavírus, foi hoje anunciado.

Para levar a cabo este corte, a OPEP terá de convencer até à próxima sexta-feira a Rússia, que até agora resistiu a esta decisão.

"Apoiamos um corte de 1,5 milhões", declarou o ministro do Petróleo iraniano, Biyan Namdar Zanganeh aos jornalistas depois de sair da reunião ministerial que começou hoje em Viena.

Os ministros dos 13 membros da OPEP apresentarão esta proposta no encontro de sexta-feira com os outros dez países produtores independentes aliados, liderados pela Rússia.

Em dezembro, este grupo de 23 Estados conhecido como OPEP+ estabeleceu um corte de 1,7 milhões de barris por dia para o primeiro trimestre deste ano, posteriormente ampliado para a primeira metade deste ano.

A este corte somou-se uma retirada de 400.000 barris por dia decidida voluntariamente pela Arábia Saudita, com o objetivo de sustentar o preço do petróleo.

Mas o valor do barril desceu já em janeiro devido à epidemia do novo coronavírus, que está a desacelerar a economia mundial e consequentemente a procura de petróleo.

Convencer a Rússia para que se una ao acordo vai ser uma tarefa algo difícil, já que o ministro da Energia russo, Alexander Novak, afirmou na quarta-feira em Viena que não apoiaria cortes adicionais da produção, antes de regressar a Moscovo.

Novak voltará a reunir-se na sexta-feira com a OPEP, que pretende que Moscovo assuma parte do corte da produção.

Os ministros da OPEP chegaram a acordo em relação ao corte num espaço de tempo excecionalmente curto para responder à contração da procura, especialmente da China, o maior importador de petróleo do mundo.

A decisão vai em linha com a recomendação de um comité técnico da OPEP, que propôs reduzir a produção entre 1,2 e 1,5 milhões de barris por dia, segundo diversas fontes que pediram para não ser identificadas.

A Arábia Saudita, o maior exportador mundial do "ouro negro" e líder de facto da OPEP, está há semanas a pressionar para que ao corte da produção total de 2,1 milhões de barris por dia, a OPEP+ retire pelo menos outro milhão de barris por dia para fazer frente à forte contração da procura.

Mas os planos sauditas enfrentaram a recusa da Rússia e do Cazaquistão, os maiores produtores entre os aliados independentes, favoráveis a manter sem alterações os atuais cortes e mesmo manter os mesmos até finais de 2020.

Ao contrário de Riad, cujo orçamento precisa de um valor de cerca de 70 dólares por barril de petróleo, o presidente russo, Vladimir Putin, assegurou recentemente que a Moscovo pode viver com o atual nível dos preços, em torno de 52 dólares.

As reuniões em Viena dos produtores estão totalmente marcadas pelo impacto negativo da propagação do novo coronavírus na procura de petróleo, como também pelo receio de contágio da doença.

Seguindo instruções das autoridades de saúde de Viena, a conferência da OPEP tem lugar com um número mínimo de delegados, os quais se devem submeter a um controlo de temperatura antes de poder aceder à reunião, enquanto à imprensa foi vetada a entrada na sede da organização.

MAIS NOTÍCIAS