A Médicos Sem Fronteiras (MSF) anunciou hoje o encerramento das suas atividades no principal hospital da cidade de Las Anod, na Somalilândia, devido à "violência extrema", na sequência do conflito entre o Exército regional e civis armados antigovernamentais.
"Os ataques recorrentes a instalações médicas e o nível de violência extrema em Las Anod atingiram um limite, no qual a MSF não pode mais fornecer assistência médica", sublinhou esta organização não-governamental (ONG), em comunicado.
A ONG lamentou ter tomado “a difícil decisão de retirar” os seus serviços do hospital geral de Las Anod, na região separatista da Somalilândia, onde trabalha desde 2019.
“A proteção e a segurança dos pacientes, os seus acompanhantes e profissionais de saúde deixaram de estar mais garantidas”, realçou a MSF.
O último incidente ocorreu em 08 de julho, quando aquele centro hospitalar foi atacado, o que resultou em feridos entre o pessoal de saúde e os acompanhantes dos pacientes.
A MSF acrescentou que continuará a oferecer assistência médica na cidade de Kalabaydh, cerca de 40 quilómetros a sul de Las Anod, onde muitos deslocados encontraram refúgio.
Os combates começaram em fevereiro em Las Anod, capital administrativa da região de Sool, no sul da Somalilândia, território disputado por esta região e pelo vizinho estado semiautónomo de Puntland, na Somália
O Exército da Somalilândia lançou depois, de acordo com as autoridades locais, em declarações à agência Efe, um ataque contra o quartel-general de um comité com pessoas nomeadas pelos líderes tradicionais para discutir o futuro da região de Sool, sobre a pertença à Somalilândia ou Somália, o que levou os civis a pegar em armas para se defenderem.
A Somalilândia, que foi um protetorado britânico até 1960, não é reconhecida internacionalmente, embora tenha a sua própria Constituição, moeda e Governo e, até agora, tenha um desenvolvimento económico e uma estabilidade política ainda melhores do que os da Somália.
A região declarou a sua separação da Somália, uma antiga colónia italiana, em 1991, quando o ditador Mohamed Siad Barré foi derrubado.
Nas últimas décadas, a Somália e a Somalilândia fizeram várias tentativas infrutíferas de diálogo sobre a independência da região.