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Covid-19: Governo quer lançar campanha de informação para público "mais indiferenciado"

LUSA
03-03-2020 19:27h

O Governo pretende lançar esta semana uma campanha informativa sobre o novo coronavírus, destinada a um “público mais indiferenciado e com maiores dificuldades de literacia em saúde”, anunciou hoje a ministra da Saúde.

“Temos a perceção de que provavelmente o tipo de comunicação de saúde que costumamos fazer não é compreensível por todos os públicos e por isso ainda esta semana contamos ter uma campanha informativa que permita ultrapassar algumas barreiras técnicas nas abordagens de um público mais indiferenciado e com maiores dificuldades de literacia em saúde”, disse Marta Temido na Comissão da Saúde, onde está a ser ouvida sobre a doença Covid-19.

A questão foi levantada pelo deputado do Bloco de Esquerda Moisés Ferreira, afirmando que o microsite criado pela Direção-Geral da Saúde (DGS) para esclarecer a população sobre a doença tem um “impacto muito limitado perante determinadas populações”.

“Sabemos que a literacia em saúde é um dos problemas e em momento de surto isso coloca-se com maior visibilidade”, disse a ministra, sublinhando que o Governo está numa “busca ativa” sobre quais serão os melhores meios para garantir uma maior divulgação.

“Aquilo que temos pensado neste momento são campanhas televisivas, mas podemos utilizar outro tipo de meios, o que está a ser trabalhado pelos especialistas. Pode acontecer por exemplo em centros comerciais ou no metro, para que a informação essencial atinja todos os estratos populacionais”, disse Marta Temido.

Questionada pelas deputadas Hortense Martins, do PS, e Paula Barata, do PCP, sobre medidas referentes a reservas de medicamentos, recursos humanos e à Linha Saúde 24, a ministra disse que foi reforçado em 20% o stock de medicamentos em todos os hospitais do país.

Em termos de recursos humanos, disse que há meios humanos adicionais pedidos por três hospitais, já identificados, nomeadamente o Hospital de São João, no Porto, Centro Hospitalar Lisboa Central e Unidade Local do Litoral Alentejano, que tem um novo serviço de urgência que estava a ser posto em funcionamento e vai ser antecipado para entrar já em funcionamento.

“Estamos a fazer esses reforços. É evidente que temos dificuldades como escassez de especialistas em território nacional, mas temos conseguido que sejam identificados profissionais”, frisou a ministra.

O deputado do PSD Ricardo Batista Leite lamentou as “falhas de comunicação” que têm acontecido e que “têm contribuído para o alarmismo”.

“Este vírus é significativamente mais grave, ainda estamos numa fase de crescimento em escala e ninguém pode garantir que não vamos evoluir para pandemia. As únicas medidas que tem conseguido reduzir o número de transmissões são o isolamento”, mas em Portugal não está a acontecer, disse Ricardo Baptista Leite.

“Pessoas que estiveram em contacto têm recebido informações contraditórias, mas precisamos de confiar em si”, disse o deputado social-democrata.

Em reposta, Marta Temido admitiu que “houve duas circunstâncias, pelo menos”, em que não terão sido “tão claros a comunicar a informação” relativamente à gestão deste surto.

“Provavelmente aquilo que sucedeu foi que ontem [segunda-feira] à tarde a Linha de Apoio ao Médico que está a servir” os hospitais de São João e Santo António, no Porto, “estava mais congestionada e isso foi interpretado como falhas” na capacidade de resposta dos hospitais, situação que a ministra considerou ultrapassada.

Sobre a Linha SNS 24, Marta Temido disse que foi reforçada com 100 profissionais de enfermagem para responder a esta procura.

A ministra disse ainda que o Governo está empenhado em reforçar a Linha de Apoio ao Médico.

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