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Covid-19: PM garante que SNS tem capacidade de resposta para eventual “grande expansão”

LUSA
03-03-2020 17:15h

O primeiro-ministro garantiu hoje que o Serviço Nacional de Saúde (SNS) tem "capacidade de resposta" através da reorganização dos seus serviços para uma eventual "grande expansão" do surto provocado pelo novo coronavírus.

"Temos no conjunto do país 2.000 camas referenciadas como podendo estar reservadas a pessoas que sejam portadoras do coronavírus. Dessas 2.000, temos 300 para cuidados intensivos. O próprio Serviço Nacional de Saúde, na sua esfera hospitalar tem capacidade de expansão através da reorganização dos seus serviços", disse António Costa, que visitou ao Centro Hospitalar Universitário de São João (CHUSJ), no Porto.

Depois de uma visita de cerca de uma hora e meia, o chefe do Governo disse aos jornalistas que "no caso de haver uma grande expansão [do vírus]" haverá uma fase em que "muitos dos doentes que hoje estão internados - numa fase em que estamos em contenção da epidemia - podem perfeitamente estar em isolamento na sua própria casa".

"Isto visto que na generalidade dos casos a sintomatologia é muito semelhante à sintomatologia das gripes", disse António Costa, que também aproveitou para reforçar quais os cuidados que as pessoas devem ter nesta fase.

O primeiro-ministro explicou ainda que o sistema terá de ter "a flexibilidade necessária para no limite só estar no hospital quem necessariamente e estritamente necessita de estar no hospital, o que será uma percentagem menor dos casos que possam vir a registar-se".

António Costa também foi questionado sobre a reunião extraordinária da Comissão Nacional de Proteção Civil que o ministro da Administração Interna convocou para o fim da tarde de hoje, tendo referido que a sessão se prende com a necessidade de "ir procedendo à avaliação de outras medidas que possam vir a ser necessárias".

"[A reunião servirá para] de modo articulado, podermos tomar as decisões, naquele momento necessárias e proporcionais à gravidade da situação. Isso tem acontecido um pouco por todo o mundo. Numa situação de pandemia as restrições serão, seguramente, maiores às deste momento. Se um dia a situação for diferente, é evidente que as medidas serão diferentes", disse António Costa.

O governante não quis adiantar mais pormenores sobre a reunião, marcada para as 19:00 na sede da Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil (ANEPC), em Carnaxide, Oeiras, com a presença da ministra da Saúde, Marta Temido, mas descreveu que "por exemplo, no que diz respeito a espetáculos desportivos, algumas federações têm tido a iniciativa de elas próprias os cancelarem" e acrescentou que "alguns eventos sociais de grande concentração, como feiras, também se poderá ter de ver se devem ou não manter-se".

António Costa visitou o CHUSJ, tendo seguido, sempre acompanhado pelo presidente do conselho de administração do hospital, Fernando Araújo, da zona das urgências para o serviço de doenças infecciosas, no qual o chefe do Governo teve oportunidade de percorrer os corredores, conversar com profissionais de saúde e contactar "através do vidro e por gestos", conforme o próprio contou aos jornalistas, com os doentes internados devido a casos confirmados ou a aguardar análises sobre este vírus.

"Pareceu-me num bom estado de saúde e tranquilo", contou António Costa sobre o único caso confirmado internado no CHUSJ à data das declarações do primeiro-ministro que também quis "louvar a organização do hospital", acrescentando que notou "as médicas e enfermeiras muito motivadas, muito orgulhosas do seu trabalho, conscientes da responsabilidade que têm e também conscientes de que nos próximos tempos a pressão vai seguramente aumentar".

"Tive a oportunidade de falar com algumas médicas que estavam aqui em serviço quando da gripe A e de outras epidemiologias. O que elas dizem é que a situação é muitíssimo mais tranquila do que foi nessa altura. Mas fiquei confortado com as garantias que me foram dadas da capacidade que o hospital tem para gradualmente poder escalar a capacidade de resposta conforme as necessidades", concluiu Costa, antes de seguir para uma visita rápida às obras da ala pediátrica.

A Direção-Geral da Saúde elevou esta tarde para quatro o número de casos de infeção pelo novo coronavírus em Portugal.

O novo coronavírus, que causa a doença denominada Covid-19, pode causar infeções respiratórias como pneumonia, provocou mais de 3.100 mortos e infetou mais de 90.300 pessoas em cerca de 70 países e territórios.

Das pessoas infetadas, cerca de 48 mil recuperaram, segundo autoridades de saúde de vários países.

Além de 2.943 mortos na China, onde o surto foi detetado em dezembro, há registo de vítimas mortais no Irão, Itália, Coreia do Sul, Japão, França, Hong Kong, Taiwan, Austrália, Tailândia, Estados Unidos da América, San Marino e Filipinas.

A Organização Mundial de Saúde (OMS) declarou o surto de Covid-19 como uma emergência de saúde pública internacional de risco "muito elevado".

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