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Surto de sarampo atinge 76 cadetes na Academia da Força Aérea brasileira

LUSA
03-03-2020 07:51h

Pelo menos 76 cadetes da Academia da Força Aérea (AFA) brasileira contraíram sarampo num intervalo inferior a um mês, número que indica um surto da doença, noticiou na segunda-feira a imprensa local.

Outros 25 pacientes aguardam os resultados de novos exames que, caso indiquem resultado positivo, farão aumentar para 101 o número de contaminados.

Segundo o jornal Folha de S.Paulo, grande parte dos cadetes contaminados com sarampo são alunos do 1.º ano do curso de formação e os casos confirmados representam 11% dos 692 jovens que atualmente estão na academia, localizada em Pirassununga, no estado brasileiro de São Paulo.

Como medida preventiva, todos os cadetes com suspeitas de sarampo foram impedidos de participar nas atividades daquela unidade da AFA e colocados em isolamento de quatro dias.

Os resultados dos 25 casos em investigação, entre os quais estão funcionários da AFA, devem ser divulgados nas próximas semanas.

De acordo com o Ministério da Saúde do Brasil, a disseminação do vírus do sarampo ocorre por via aérea ao tossir ou espirrar, por exemplo, não sendo necessário o contacto direto entre infetados, porque o vírus pode disseminar-se pelo ar, ou seja, o seu poder de contágio é elevado.

"A estimativa é de que uma pessoa infetada pode transmitir o vírus para 90% das pessoas próximas que não estejam imunes", frisou a pasta da Saúde.

No ano passado, foram registados 18.203 casos confirmados e 15 mortes decorrentes do sarampo no Brasil.

Neste ano, até 08 de fevereiro, o país sul-americano tinha registado 337 casos confirmados em oito estados: São Paulo (136), Rio de Janeiro (92), Paraná (64), Santa Catarina (22), Rio Grande do Sul (11), Pernambuco (7), Pará (4), e Alagoas (1).

Desse total, 67,7% dos casos confirmados estão concentrados na região sudeste (São Paulo e Rio de Janeiro), sendo que as crianças são ainda mais vulneráveis a sequelas e óbitos.

O ministro da Saúde brasileiro, Luiz Henrique Mandetta, tem chamado a atenção para o facto de que, mesmo que os olhos do mundo estejam voltados para a China, devido ao surto do Covid-19, o Brasil tem desafios epidemiológicos ainda mais importantes, como o sarampo, a febre amarela e a dengue.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) alertou em outubro passado para o aumento "alarmante" dos casos de sarampo em todo o mundo, atribuindo a progressão da doença a falhas nos programas nacionais de vacinação e a crenças falsas.

A doença, que regressou a vários países onde foi erradicada, como o Reino Unido, “está a ter um impacto devastador, causando um enorme número de perdas de vidas, afetando economias e criando problemas nos sistemas nacionais de saúde”, sublinhou na ocasião a diretora do departamento de Imunização da OMS, Kate O'Brien.

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