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Covid-19: Líder cipriota turco denuncia encerramento de pontos de passagem na ilha dividida

LUSA
02-03-2020 17:11h

O presidente da autoproclamada República Turca de Chipre do Norte (RTCN), Mustafa Akinci, criticou hoje a decisão de Chipre de encerrar metade dos pontos de passagem com a parte norte da ilha dividida, justificada pelo combate à epidemia de Covid-19.

Sábado, as autoridades cipriotas encerraram por sete dias quatro dos oito pontos de passagem para o terço norte da ilha, sob ocupação da Turquia desde 1974, ao anunciarem “um controlo reforçado”.

Esta foi a primeira suspensão do funcionamento de diversos pontos de passagem desde a sua instauração em 2003.

“Esta decisão unilateral não é uma boa decisão e deve ser revista”, declarou Akinci no decurso de uma conversa telefónica com o Presidente de Chipre, Nicos Anastasiades, que disse ter informado o seu homólogo deste encerramento.

“O vírus é uma ameaça para as duas comunidades. Por esse motivo, é necessário agir em conjunto contra este perigo e lutar em conjunto”, acrescentou Akinci, citada por responsáveis da RTCN.

“Estas decisões unilaterais podem contribuir para dividir as nossas sociedades e não protegê-las de um vírus proveniente do exterior”, afirmou.

Akinci exortou Anastasiades a “ratificar” uma decisão política que, na sua perspetiva, não se baseia em motivos científicos, sublinhando que não foi confirmado nenhum caso de pessoas infetadas pelo surto de Covid-19 no norte ou no sul da ilha.

A República de Chipre, reconhecida pela comunidade internacional e membro da União Europeia desde 2004, controla a parte sul da ilha, cerca de dois terços do território.

A RTCN, autoproclamada em 1983, é apenas reconhecida pela Turquia, que mantém milhares de soldados nessa região após a invasão militar de 1974, justificada por uma tentativa fracassada de golpe que pretendia a união da ilha à Grécia.

As conversações entre os dois líderes sobre a reunificação, mediadas pela ONU, estão suspensas desde 2017.

Até ao momento, não foi detetado em Chipre nenhum caso do novo coronavírus.

Anastasiades ofereceu a sua residência de verão nas montanhas de Troodos para colocar em quarentena as pessoas que visitaram países afetados pelo vírus e que não apresentem sintomas.

O surto de Covid-19, detetado em dezembro na China e que pode causar infeções respiratórias como pneumonia, provocou mais de 2.900 mortos e infetou mais de 87 mil pessoas, de acordo com dados reportados por 60 países. Das pessoas infetadas, mais de 41 mil recuperaram.

Em Portugal, as autoridades anunciaram hoje dois casos positivos de infeção por coronavírus, um dos quais confirmado por contra-análise.

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