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Covid-19: Morreu membro do conselho próximo do líder supremo do Irão

LUSA
02-03-2020 10:11h

Um membro do conselho que apoia o líder supremo do Irão morreu hoje infetado pelo novo coronavírus, tornando-se no primeiro oficial a sucumbir à doença que está a afetar a liderança da República Islâmica, informou a rádio estatal.

Mohammad Mirmohammadi, de 71 anos e que era membro do Conselho de Conveniência, morreu num hospital de Teerão, segundo a mesma fonte.

Este grupo de personalidades aconselha o ayatollah Ali Khamenei, além de resolver disputas entre o líder supremo e o parlamento.

Esta morte ocorre quando outros altos oficiais iranianos contraíram o vírus no Irão, que depois da China é o país com o maior número de mortos no mundo.

Tentando conter o surto do novo coronavírus, o Irão realizou hoje apenas um ‘briefing’ online, pelo Ministério dos Negócios Estrangeiros. A Grã-Bretanha já começou a retirar funcionários e famílias não essenciais do país.

O Irão relatou 978 casos confirmados do novo vírus, com 54 mortes por Covid-19. Em todo o Médio Oriente, existem mais de 1.150 casos do novo coronavírus (SARS-CoV-2), a maioria dos quais está ligada ao país.

Especialistas temem que a percentagem de mortes por infeções no Irão, estimada em cerca de 5,5%, seja muito maior do que noutros países, sugerindo que o número de infeções no país pode ser muito maior do que os números atuais mostram.

O porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros, Abbas Mousavi, abriu a entrevista coletiva ‘on-line’ sobre o surto rejeitando a oferta de ajuda ao Irão pelo secretário de Estado dos EUA, Mike Pompeo.

O Irão e os EUA têm visto nos últimos meses algumas das piores tensões desde a Revolução Islâmica de 1979, culminando no ataque com drones norte-americanos que matou um importante general iraniano em Bagdade e um subsequente contra-ataque iraniano de mísseis balísticos contra as forças dos EUA.

"Não contamos com essa ajuda nem estamos prontos para aceitar ajuda verbal", disse Mousavi, acrescentando que o Irão sempre desconfiou das intenções dos EUA e acusando o governo dos EUA de tentar enfraquecer o espírito dos iranianos durante o surto.

Entretanto, a embaixada britânica já avançou com evacuações por causa do novo coronavírus.

“O pessoal essencial necessário para continuar o trabalho crítico permanecerá '', disse o Ministério dos negócios Estrangeiros britânico. “Caso a situação se deteriorar ainda mais, a capacidade da embaixada de prestar assistência a cidadãos britânicos do Irão pode ser limitada”, acrescentou.

Enquanto o Irão fechou escolas e universidades para impedir a propagação do vírus, os principais santuários xiitas permaneceram abertos, apesar de as autoridades civis pedirem o encerramento.

As cidades sagradas de Mashhad e Qom, em particular, que abrigam santuários, foram atingidas pelo vírus. Os xiitas frequentemente tocam e beijam santuários como sinal da sua fé. Como resposta, as autoridades estão a limpar todos os santuários com desinfetantes.

A polícia prendeu um homem que postou um vídeo onde aparecia a lamber o metal que encerra o mausoléu do Imam Reza, em Mashhad, o mais importante santo xiita enterrado no país, segundo relatos de agências de notícias semi-oficiais.

Enquanto isso, hoje, o surto de vírus foi arrastado para o boicote ao Qatar por quatro países árabes, por causa de uma disputa política.

Uma proeminente colunista do jornal Al-Bayan, de propriedade do governo do Dubai, descreveu falsamente no Twitter o vírus como uma conspiração do Qatar para prejudicar a próxima feira mundial da Expo 2020, no Dubai e na Arábia Saudita. Mais tarde, Noura al-Moteari descreveu o tweet como “uma sátira”' à Associated Press.

O Dubai Media Office também descreveu o tweet como sendo escrito num “estilo cínico”, enquanto distanciava o diário em árabe de al-Moteari.

”Noura é freelancer e não é funcionária da Al-Bayan, nem representa os pontos de vista da publicação”, disse à AP.

"Dito isto, isso não tem relevância para nenhuma política de comunicação social praticada pela publicação nem pelo Estado", acrescentou.

O tweet surgiu depois de o Qatar se ter mostrado dececionado, no domingo, com o facto de quase todos os seus vizinhos do Golfo terem rejeitado convites para participar da cerimónia de assinatura do acordo de paz, no fim de semana, entre os EUA e os talibã.

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