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Julgamento pela morte de 200 crianças por ingestão de xarope começa hoje na Indonésia

LUSA
17-01-2023 09:16h

O julgamento que visa o Governo indonésio e várias empresas farmacêuticas e químicas pela morte de pelo menos 200 crianças, supostamente devido à ingestão de xaropes contaminados, teve hoje início num tribunal de Jacarta.

Dezanove famílias de crianças que morreram e outras seis famílias de crianças que permanecem doentes apresentaram uma queixa em 22 de novembro contra o Governo indonésio e vários fabricantes de produtos farmacêuticos e químicos, depois de, pelo menos, 200 menores terem morrido por insuficiência renal no ano passado.

Os medicamentos em causa revelaram a presença de componentes tóxicos [quantidades excessivas de dietilenoglicol e etilenoglicol - substâncias líquidas usadas como anticongelante] e em outubro as autoridades indonésias chegaram mesmo a proibir toda a venda de xaropes no país.

As famílias apresentaram a queixa contra o Ministério da Saúde, a Agência Nacional de Controlo de Alimentos e Medicamentos da Indonésia (BPOM) e sete empresas farmacêuticas e químicas do país, pedindo uma indemnização de cerca de 128.000 dólares (118.000 euros) para cada criança morta e cerca de 64.000 dólares (59.000 euros) para cada menor doente.

Pelo menos 200 crianças morreram de insuficiência renal aguda no ano passado na Indonésia, de um total de 324 casos, segundo os dados mais recentes do Ministério da Saúde indonésio, apresentados em 02 de novembro.

A Indonésia lançou uma investigação após um alerta da Organização Mundial da Saúde (OMS) em outubro, também pela morte de mais de 60 menores por insuficiência renal na Gâmbia.

Embora a OMS tenha identificado uma solução oral e três xaropes para tosse e constipações fabricados pelo laboratório indiano Maiden Pharmaceuticals como possíveis causas de mortes na Gâmbia, esses produtos não estão registados na Indonésia.

Na semana passada, a OMS emitiu um alerta de saúde sobre dois outros xaropes para tosse - Ambronol e DOK-1 Max - fabricados na Índia por outra empresa, a Marion Biotech, que também continham quantidades "inaceitáveis" daquelas substâncias e que alegadamente causaram a morte de 18 crianças no Uzbequistão.

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