Mais de metade das crianças da Somália com menos de 5 anos - cerca de 1,8 milhões - estão gravemente desnutridas devido à seca severa, ataques terroristas e ao aumento dos preços dos alimentos, advertiu hoje a Plan International.
"[As crianças da Somália] não podem esperar: apelamos aos doadores e aos Estados para que invistam urgentemente na prevenção e na resposta", disse a chefe executiva da organização não-governamental Plan International, Concha Lopez, numa declaração.
"A alimentação é um direito protegido pelo direito internacional", acrescentou.
De acordo com os últimos dados da Classificação da Fase de Segurança Alimentar Integrada (IPC, na sigla em inglês) - uma ferramenta que classifica a gravidade das situações de segurança alimentar - 54,5% dos somalis com menos de 5 anos sofrem de desnutrição aguda, uma doença que enfraquece o sistema imunitário, colocando-as em risco de adoecer e morrer.
Se não for tratada, pode também prejudicar gravemente o desenvolvimento físico e cerebral das crianças.
Após cinco épocas consecutivas de precipitação abaixo do normal, a Somália está a suportar a sua pior seca em 40 anos, um problema que tem sido agravado pelo "conflito interno" do país, disse a Plan International.
Como resultado desta "dupla crise", cerca de 7,8 milhões de pessoas na Somália estão a passar fome.
"As taxas de mortalidade ultrapassaram os limiares de emergência em várias áreas", disse o IPC no seu último relatório, divulgado em meados de setembro.
A Organização das Nações Unidas advertiu para o facto de pelo menos duas áreas no centro e sul do país poderem ser declaradas situações de fome intensa e prolongada nos próximos meses, o estado mais grave de insegurança alimentar.
A fome que se aproxima pode ser ainda pior do que a de 2011, que provocou a morte a, pelo menos, 260.000 pessoas.
A seca está também a afetar outros países do Corno de África, incluindo a Etiópia, Quénia, Djibuti e partes do Uganda, e milhões de pessoas estão a passar fome.
A Somália encontra-se em estado de guerra e caos desde 1991, quando o ditador Mohamed Siad Barre foi derrubado, deixando o país sem Governo efetivo e nas mãos de milícias rebeldes, como o Al-Shebab, e senhores da guerra.