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Covid-19: África CDC em negociações com Pfizer para levar medicamento ao continente

LUSA
13-01-2022 12:30h

O Centro de Controlo e Prevenção de Doenças da União Africana (África CDC) está em negociações com a farmacêutica Pfizer para tornar o medicamento Paxlovid contra a covid-19 acessível no continente, anunciou hoje o diretor do centro.

“Estamos em negociações estreitas com a Pfizer para vermos o que pode ser feito para tornar o medicamento deles disponível no continente e acessível ao continente, o Paxlovid”, disse John Nkengasong na sua conferência de imprensa semanal por videoconferência desde Adis Abeba, a sede do África CDC.

O cientista explicou que o África CDC está “ativamente envolvido” nesse objetivo porque acredita que em 2022 será necessária uma combinação de três abordagens para manter a pandemia sob controlo.

“Uma é aumentar a vacinação, a segunda é expandir os testes e a terceira é garantir que há um tratamento disponível e facilmente acessível”, disse.

Nkengasong explicou a importância do tratamento com a eventualidade de surgir uma nova variante tão transmissível como a Ómicron, mas que provocasse doença grave, o que esgotaria o sistema hospitalar.

“A única forma de aliviar [os hospitais] seria termos um medicamento como o Paxlovid, que permitisse que as pessoas tomassem o comprimido e ficassem em casa”, afirmou.

O virologista defendeu também como prioritária a necessidade de descentralizar a distribuição de testes “para que as pessoas possam testar-se ao nível comunitário e tomar medidas ao nível individual”.

“Longe vão os dias em que fazíamos rastreamento de contactos. Hoje é muito difícil porque o vírus está em toda a parte. Mas acredito que com o alargamento da testagem podemos realmente continuar a fazer a diferença no controlo do vírus”, disse.

O diretor do África CDC reiterou ainda o apelo à vacinação, num continente em que apenas 10,1% da população está completamente vacinada, mas onde apenas 60% das vacinas recebidas foram administradas.

“As vacinas salvam vidas e é apenas através da vacinação, combinada com outros fatores, que vamos sair desta crise”, sublinhou.

Segundo Nkengasong, as populações no continente tendem a acorrer à vacinação em períodos de pico de infeções e de hospitalizações, o que não é suficiente.

O responsável disse compreender que os países tornem a vacinação obrigatória, “se a população não está pronta para tomar as vacinas que os governos e o África CDC se esforçaram tanto para trazer para o continente”.

A covid-19 provocou 5.503.347 mortes em todo o mundo desde o início da pandemia, segundo o mais recente balanço da agência France-Presse.

A doença respiratória é provocada pelo coronavírus SARS-CoV-2, detetado no final de 2019 em Wuhan, cidade do centro da China.

Uma nova variante, a Ómicron, considerada preocupante e muito contagiosa pela Organização Mundial da Saúde (OMS), foi detetada na África Austral, mas desde que as autoridades sanitárias sul-africanas deram o alerta, em novembro, foram notificadas infeções em pelo menos 110 países.

O Paxlovid é um medicamento antiviral oral que reduz a capacidade do SARS-CoV-2 (o coronavírus que causa a covid-19) de se multiplicar no corpo.

A Agência Europeia do Medicamento (EMA, na sigla em inglês) está a avaliar o pedido da farmacêutica Pfizer para a comercialização do medicamento, destinado a casos leves e moderados de covid-19.

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