SAÚDE QUE SE VÊ

Covid-19: Apoio económico do Governo de Macau é positivo, mas pode ser insuficiente – deputados

LUSA
17-02-2020 09:32h

Deputados da Assembleia Legislativa (AL) de Macau do campo pró-democracia disseram à Lusa que as medidas anunciadas pelo Governo para reduzir o impacto económico e social do surto são positivas, mas podem ser insuficientes.

“A série de medidas anunciadas pelo Governo de Macau foi considerada uma resposta rápida e atempada”, admitiu à Lusa Au Kam San.

Contudo, o deputado defendeu que o êxito das medidas implementada vai depender se estas, ou os efeitos que produzem, não chegarem atrasadas ao impacto económico e social que já se faz sentir na sociedade de Macau.

Além das contas que ainda será necessário fazer e que resultam do encerramento dos serviços públicos, Au Kam San deu o exemplo da redução ou isenção de impostos “que só serão efetivos após um período considerável no futuro”.

Ainda assim, o deputado afirmou que, para ser justo, há sempre muitas dificuldades em se garantir respostas imediatas “diante de surtos repentinos e iminentes (…), e, pelo menos essa série de medidas, embora não entrem em vigor imediatamente, desempenhará um papel importante na estabilização do coração das pessoas”.

Au Kam San salientou que deve ser acelerado o processo de aprovação dos empréstimos a conceder às pequenas e médias empresas, especialmente aquelas dependentes do turismo. “Caso contrário, (…) a burocracia enfraquecerá a eficácia das medidas”, concluiu.

Em sintonia, outro deputado, Ng Kuok Cheong, disse à Lusa que os apoios económicos anunciados pelo Governo de Macau na passada semana “parecem à primeira vista positivos”. Contudo, sublinhou também que “é preciso dar tempo ao tempo e ver qual o impacto que vai ter na sociedade”. Ainda assim, os apoios foram anunciados “de forma rápida, o que é bom”, considerou.

Na sexta-feira, o único deputado português na AL afirmou à Lusa que as medidas extraordinárias eram insuficientes, muito porque o impacto económico que resulta do surto do coronavírus veio expor “muitas vulnerabilidades do sistema legal laboral existente em Macau”.

A ausência de regulamentação da lei sindical e negociação coletiva “permitiu sempre todo o tipo de abusos face ao grave desequilíbrio dos ‘pratos da balança’ entre o patronato e os trabalhadores”, explicou José Pereira Coutinho.

Também na sexta-feira, o deputado Sulu Sou sustentou em declarações à Lusa que as medidas especiais de apoio económico e social anunciadas na quinta-feira pelo Governo de Macau no valor de 20 mil milhões de patacas (2,3 mil milhões de euros) “respondem às necessidades de muitas pessoas”.

Contudo, “é preciso ainda perceber qual a reação do público”, frisou, lamentando que “estas medidas não incluam subsídios às rendas e aos salários”.

O deputado mais jovem da AL argumentou que Macau tem “capacidade estrutural económica para adotar este tipo de medidas”, mas frisou que “problemas como os altos preços dos imóveis”, a dependência de uma só indústria, “única fonte de turistas”, bem como “as dificuldades de sobrevivência de pequenas e médias empresas não podem ser resolvidos com dinheiro”.

O Governo de Macau anunciou benefícios fiscais para empresas e população, uma linha de empréstimos bonificados para as PME e medidas de apoio social para reduzir o impacto económico devido ao coronavírus Covid-19.

Macau, que tem atualmente cinco casos de infeção pelo coronavírus, fechou os casinos por 15 dias e determinou o encerramento de estabelecimentos de diversão noturna, espaços desportivos e culturais, enviou alunos e funcionários públicos para casa, onde trabalham à distância.

As medidas excecionais praticamente paralisaram a economia da capital mundial do jogo e cuja indústria turística é também muito dependente dos visitantes oriundos do território chinês, onde o coronavírus Covid-19 já matou 1.770 pessoas na China continental e infetou 70.548.

Além de 1.770 mortos na China continental, há a registar um morto na região chinesa de Hong Kong, um nas Filipinas, um no Japão e um em França.

MAIS NOTÍCIAS