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Covid-19: Obediência de Macau contrasta com a de Hong Kong, sociedade está unida – investigadora

LUSA
17-02-2020 09:28h

A antropóloga Loretta Lou disse à Lusa que “a atitude obediente” da população de Macau ficou expressa quando acatou o apelo para ficar em casa para combater o surto, o que contrasta com “a rebelião” de Hong Kong.

“Sendo elogiada como a ‘boa criança’ das duas regiões administrativas especiais, a atitude obediente dos cidadãos de Macau contrasta fortemente com a rebelião de Hong Kong”, concluiu a investigadora da Universidade de Macau, especializada em meio ambiente, bem-estar, movimentos sociais, moralidade e ética.

Afinal, “quando o novo chefe do Executivo de Macau, Ho Iat Seng, instou a população de Macau a ficar em casa para ajudar a conter o vírus, a maioria das pessoas seguiu o exemplo”.

A docente, doutorada em Oxford e que tem o foco de trabalho na China, incluindo Hong Kong, Macau e Taiwan, sublinhou que “naturalmente, isso também é possível pelo facto de a maioria das pessoas em Macau trabalhar na indústria de jogos”.

“Enquanto muitas pessoas em Hong Kong evitaram sair, outros que não podiam trabalhar tiveram de continuar a assegurar os negócios como sempre”, enquanto em Macau “quando os casinos estão fechados muitas pessoas não têm motivos para deixar as suas casas”, sustentou a investigadora.

Em termos globais, analisou Loretta Lou, “a sociedade de Macau está unida na luta contra o Covid-19”. E o facto de “as pessoas estarem satisfeitas em geral com as respostas e medidas do Governo reforça o seu sentido de comunidade”, sustentou.

A antropóloga encontrou pelo menos uma exceção: “quando a primeira paciente que recebeu alta - uma chinesa do continente - deixou Macau sem pagar sua taxa de tratamento, a divisão entre residentes de Macau e os 'free-riders' do continente emergiu rapidamente”, numa alusão àqueles que beneficiam de recursos, bens ou serviços, sem pagar o custo do benefício.

A discussão pública e nas redes sociais surgiu quando a primeira paciente recebeu alta e saiu do território sem pagar o respetivo tratamento, um custo exigido a outros pacientes que entretanto tiveram alta.

Esta “é uma questão que o governo de Macau precisa tratar delicadamente, trabalhando para encontrar um equilíbrio entre humanitarismo, justiça e diplomacia”, defendeu.

Uma das primeiras medidas do Governo de Macau para combater o risco de contágio passou por suspender as aulas, enviar milhares de alunos e funcionários públicos para casa.

O fecho dos casinos e a paralisação económica ‘empurrou’ a esmagadora maioria das pessoas para os seus apartamentos, com as autoridades a encerrarem mesmo parques, jardins públicos e trilhos, desdobrando-se em apelos para que a população se mantivesse em casa e só saísse à rua em casos de urgência.

Em Macau existem atualmente cinco casos de pessoas infetadas com o novo coronavírus, depois de outras tantas terem recebido alta hospitalar.

O número de mortos devido ao novo coronavírus na China continental subiu hoje para 1.770 na China continental e o de infetados ascendeu a 70.548.

Das 105 mortes registadas nas últimas 24 horas, 100 ocorreram em Hubei.

Além de 1.770 mortos na China continental, há a registar um morto na região chinesa de Hong Kong, um nas Filipinas, um no Japão e um em França.

As autoridades chinesas isolaram várias cidades da província, situada no centro da China, para tentar controlar a epidemia, uma medida que abrange cerca de 60 milhões de pessoas.

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