A autoridade de segurança alimentar timorense está a intensificar inspeções a produtos importados, especialmente da China, como medida preventiva face ao novo coronavírus, disse hoje o seu responsável.
“Estamos a intensificar as inspeções para poder identificar qualquer introdução de novos produtos. A inspeção é a qualquer produto estrangeiro, mas estamos mais atentos a produtos chineses”, disse à Lusa o responsável da Autoridade de Inspeção e Fiscalização das Atividades Económicas e de Segurança Alimentar de Timor-Leste (AIFAESA), Abílio Sereno.
Este responsável explicou que esta semana reuniu-se com responsáveis dos serviços da quarentena e das alfândegas para coordenar e reforçar o controlo aos produtos importados.
“Depois da entrada dos produtos no mercado, é nossa competência verificar a qualidade desses produtos. Agora a quarentena e a autoridade aduaneira são responsáveis pela entrada e saída dos produtos do país”, disse.
“Por isso convidei as duas instituições e estivemos reunidos para que cada um comece a estar mais atento a produtos oriundos do estrangeiro, concretamente da China”, referiu.
A responsável da associação de comerciantes da comunidade chinesa em Timor-Leste, Kathleen Gonçalves, disse à Lusa que é normal que Timor-Leste, como outros países, responda às preocupações sobre o coronavírus, mas pede que não se exagere.
“Timor-Leste tem que ter particular cuidado porque não temos condições médicas adequadas e por isso, penso que é algo com que nos devemos preocupar”, explicou.
“Mas o stock de produtos que está em Timor-Leste está no mercado há muito tempo, chegou muitos antes do vírus. Não faz sentido estas inspeções adicionais. Não devem exagerar na reação porque isso afeta as relações com os comerciantes e o mercado”, sustentou.
Gonçalves disse ter já feito uma recomendação à Embaixada da China para que sugira a chineses que vivem em Timor-Leste e que voltaram ao país para o Ano Novo Chinês, para que fiquem mais tempo antes de regressar á ilha.
“Mas isso não afeta os produtos nos armazéns ou nos supermercados”, disse.
Na sua página informativa sobre o coronavírus, a Organização Mundial de Saúde (OMS), considera um “mito” informações sobre a possível sobrevivência do vírus em superfícies além de “algumas horas”.
Rajesh Pandav, coordenador da Organização Mundial de Saúde (OMS) em Timor-Leste disse à Lusa que a organização não tem qualquer recomendação sobre restrições em qualquer produto por causa do coronavírus.
A recomendação geral, disse, é que os produtos de origem animal devem ser cozinhados e que a AIFAESA deve manter as suas inspeções, mas em termos de todos os produtos, independentemente da origem, para verificar prazos de validade e outras questões.
“Mas isso não é para prevenir o coronavírus”, disse.
O Center for Disease Control (CDC) norte-americano também considera haver um “risco muito baixo de contágio através de produtos ou pacotes transportes durante dias ou semanas à temperatura ambiente”.
“Atualmente não há qualquer evidência que sugira a transmissão do 2019-nCoV associado a bens importados e não há nenhum caso de 2019-nCOV associado a bens importados”, nota na sua página.
A maior parte dos produtos que estão à venda em Timor-Leste viajaram durante semanas ou até meses por mar até chegarem ao país, onde demoram ainda algum tempo antes de chegar ao consumidor.
O número de mortos provocados pelo novo coronavírus subiu hoje para 636, com 31.161 pessoas infetadas, anunciaram hoje as autoridades chinesas.