O Governo timorense vai estudar na próxima semana medidas mais restritivas para controlar a entrada a pessoas que tenham estado nas regiões chinesas afetadas pelo coronavírus (2019-nCoV), disse hoje à Lusa o ministro dos Negócios Estrangeiros.
“Vamos adotar medidas para poder dar atenção específica a quem venha de Hubei e Wuhan e de outras regiões que consideramos possam trazer riscos”, disse Dionísio Babo em declarações à Lusa.
O ministro disse que ainda não há decisão sobre se as medidas incluirão a proibição de viagens desses passageiros para Timor-Leste, medida já tomada por vários países, incluindo a vizinha Austrália.
“Queremos reforçar o controlo e por isso vamos reunir na próxima semana para tomar medias mais restritas, abrangendo passageiros que estiveram na China nos últimos 40 dias”, explicou.
A preocupar as autoridades timorenses está o caso de 17 estudantes timorenses que estão em Wuhan, tendo Babo apelado a Portugal para estudar a possibilidade de que os jovens sejam repatriados da China com os portugueses que o queiram fazer.
“Para já, os jovens estão protegidos, as autoridades universitárias estão a acompanhá-los e estão a ser submetidos a testes. Vamos continuar a acompanhar a sua situação”, referiu.
“Estamos em contacto com vários países e apelava a Portugal para a possibilidade de os jovens serem retirados com os cidadãos de Portugal para um local adequado onde possam ficar em observação”, referiu.
Timor-Leste aplica há vários dias um controlo de temperatura dos passageiros que entram nas suas fronteiras, com as companhias aéreas a entregarem uma declaração de saúde que todos têm de preencher e entregar.
A declaração, em inglês e tétum, pede detalhes de identificação e questiona os passageiros sobre se “nos últimos 30 dias visitaram países afetados pelo novo coronavírus”, nomeadamente “China (Wuhan), Filipinas (Davao), Indonésia (Papua) e outras zonas afetadas”.
Os passageiros têm ainda de dizer se têm tido febre, dificuldades respiratórias, fadiga, dores de cabeça ou no pescoço.
Dionísio Babo confirmou que até ao momento há um militar das Forças de Defesa de Timor-Leste (F-FDTL) que visitou a zona afetada na China e que está, sem qualquer sintoma, de quarentena, onde ficará durante o período de incubação da doença.
As autoridades estão igualmente a identificar duas pessoas que visitaram a região de Wuhan para avaliar as suas condições.
Um dos projetos afetados é o da construção do Porto de Tibar, nos arredores de Díli, subcontratado à empresa chinesa China Harbour.
Fonte da empresa explicou à Lusa ter sido decidido que cerca de 90 trabalhadores que estiveram na China para as celebrações do Ano Novo chinês terão de ficar em quarentena durante o período de incubação da doença – 15 dias.
“Depois desse período, serão feitos testes de despistagem e só depois disso poderão voltar a Timor-Leste”, confirmou a fonte.
A China elevou para 259 mortos e quase 12 mil infetados o balanço do surto de pneumonia provocado por um novo coronavírus (2019-nCoV) detetado no final do ano em Wuhan, capital da província de Hubei (centro).
Todas as novas 46 mortes ocorreram em Hubei, a província central da China que é o foco do surto que começou em dezembro.
Além do território continental da China e das regiões chinesas de Macau e Hong Kong, há mais de 50 casos de infeção confirmados em 24 outros países, com as novas notificações na Rússia, Suécia e Espanha.
A Organização Mundial de Saúde (OMS) declarou na quinta-feira uma situação de emergência de saúde pública de âmbito internacional (PHEIC, na sigla inglesa) por causa do surto do novo coronavírus na China.
Uma emergência de saúde pública internacional supõe a adoção de medidas de prevenção e coordenação à escala mundial.
Esta é a sexta vez que a OMS declara uma emergência de saúde pública de âmbito internacional.
O Ministério da Saúde português vai disponibilizar instalações onde os portugueses provenientes de Wuhan, na China, possam ficar em “isolamento profilático” voluntário. O Hospital Pulido Valente, em Lisboa, e o Hospital Militar, no Porto, serão as unidades a receber os portugueses que regressarem de Wuhan.