O Presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, disse hoje que só vai repatriar brasileiros que estão na China se forem tomadas as providências sanitárias e legais para uma quarentena.
"Temos alguns nacionais [brasileiros na China] que querem voltar para cá e estão a pedir o nosso apoio. Nós não temos uma lei de quarentena. Ao trazer brasileiros para cá, é nossa ideia, obviamente, colocar num local para quarentena, mas qualquer ação judicial tira-os de lá. Seria uma irresponsabilidade retirar pessoas da China para cá", declarou Jair Bolsonaro aos jornalistas após uma reunião ministerial, em Brasília.
"Se lá temos algumas dezenas de vidas, aqui temos 210 milhões de brasileiros. É uma coisa que tem de ser pensada, conversada antecipadamente com o chefe do poder judiciário, conversado com o parlamento também", acrescentou.
Bolsonaro referiu ainda que um grupo de cerca de 30 brasileiros está na província de Hubei, cuja capital é Wuhan, onde se iniciou o surto, teria de fazer um exame prévio e aqueles que tivessem sintomas não poderiam regressar ao país.
O Presidente brasileiro também mencionou que os custos de um voo de repatriação dificultam a organização da retirada destes brasileiros da China.
"Um voo destes é caro, se for fretar um voo é acima de 500 mil dólares (451 mil euros). Pode ser pequeno para o tamanho do orçamento brasileiro, mas depende do parlamento. Se não estiver redondinho [tudo certo], não vamos buscar ninguém", declarou.
Segundo o Ministério da Saúde, o Brasil não tem nenhum caso confirmado do novo coronavírus, mas o número de casos suspeitos em monitorização pelas autoridades aumentou hoje de nove para 12.
A China elevou para 213 mortos e quase 10 mil infetados o balanço do surto de pneumonia provocado por um novo coronavírus (2019-nCoV) detetado no final do ano em Wuhan.
Além do território continental da China e das regiões chinesas de Macau e Hong Kong, há mais de 50 casos de infeção confirmados em 2e outros países, com as novas notificações na Rússia, na Suécia e em Espanha.
A Organização Mundial de Saúde (OMS) declarou na quinta-feira uma situação de emergência de saúde pública de âmbito internacional (PHEIC, na sigla inglesa) por causa do surto do novo coronavírus na China.
Uma emergência de saúde pública internacional supõe a adoção de medidas de prevenção e coordenação à escala mundial.
Esta é a sexta vez que a OMS declara uma emergência de saúde pública de âmbito internacional. Para a declarar, a OMS considerou três critérios: uma situação extraordinária, o risco de rápida expansão para outros países e a exigência de uma resposta internacional coordenada.