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ONU diz que África vai falhar objetivo de acabar com a fome até 2030

LUSA
04-03-2021 12:37h

O diretor para África da Organização para a Alimentação e Agricultura (FAO) disse que o continente vai falhar o objetivo de eliminar a fome em 2030, destacando o papel fundamental dos líderes políticos regionais.

"Os resultados continuam insatisfatórios e há muitos desafios devido às alterações climatéricas, à pobre situação económica e aos impactos negativos da covid-19, bem como uma falta de investimento público", disse Abebe Haile-Gabriel, durante uma reunião sobre o progresso feito por África para cumprir o objetivo de 'fome zero' em 2030.

O encontro virtual, organizado pela Comissão Económica das Nações Unidas para África (UNECA) e pelo Programa Alimentar Mundial, em colaboração com o Governo da República do Congo, foi realizado à margem da sétima sessão do Fórum Regional Africano sobre o Desenvolvimento Sustentável, que decorre esta semana em Brazzaville.

Apesar de os resultados serem negativos face ao objetivo, Haile-Gabriel vincou que o acordo de comércio livre é uma oportunidade única para transformar o processo alimentar no continente, mas mais importante do que a criação desta zona é o empenho dos líderes políticos.

"A vontade política e o empenho ao mais alto nível é fundamental, a que se junta a necessidade de haver ações nacionais e locais e investimentos; há uma necessidade urgente de reconstrução melhor no seguimento da pandemia de covid-19, com os governos a serem chamados a investir em medidas de proteção social para salvar os cidadãos mais vulneráveis", alertou o responsável.

Neste contexto, acrescentou, "a transformação do processamento alimentar em África é crucial para ajudar a acabar com a fome, sendo necessária uma abordagem holística e multissetorial".

Também intervindo na sessão, o dirigente do Programa Alimentar Mundial, Chris Toe, defendeu que os países africanos devem dar prioridade e aumentar os investimentos na transformação rural, infraestrutura sustentável e desenvolvimento de capital humano para reduzir a insegurança alimentar e acabar com a fome, o que está em linha com a Agenda de 2063.

De acordo com o comunicado da UNECA, a reunião providenciou uma plataforma para os países africanos refletirem e partilharem as ações transformativas e os investimentos que vão facilitar a construção dos sistemas alimentares regionais que deverão contribuir para o cumprimento das metas da Agenda 2030 e da Agenda da União Africana até 2063.

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