A sala de espera e os corredores afetos às consultas externas do Hospital de Portalegre eram esta manhã um verdadeiro “deserto” face à greve dos trabalhadores da administração pública, constatou a agência Lusa no local.
Já no serviço de urgências, a sala de espera resguardava do mau tempo que assola aquela cidade alentejana apenas seis utentes, não havendo, também, no exterior daquele serviço grandes movimentações de ambulâncias.
Francisco Apolinário viajou de Aldeia da Mata, no concelho do Crato (cerca de 60 quilómetros ida e volta) até Portalegre para efetuar um Raio-X, mas a desilusão abateu-se sobre o utente quando se deparou com os serviços de secretaria das consultas externas totalmente encerrados.
“Já vi que vim perder tempo a Portalegre”, lamentou.
Enquanto as ambulâncias chegavam àquele serviço e logo partiam, deu entrada na área das consultas externas João Maria Lacão e a mulher, provenientes de Fortios, no concelho de Portalegre, também para efetuar um Raio-X.
“Fomos apanhados de surpresa, os meus netos também não tiveram escola, mas nunca pensei na greve, uma surpresa. Vivi na Suíça muitos anos, não era nada assim”, disse.
Igual “sorte” teve Celestino Carvalho, residente em Portalegre, que se deslocou até ao hospital para marcar uma consulta de ortopedia.
“Eu tenho de voltar para a semana, talvez na segunda ou terça-feira”, lamentou.
O presidente da União Geral de Trabalhadores (UGT) do distrito de Portalegre, Marco Oliveira, disse à Lusa que segundo os dados recolhidos a greve ronda no geral os 73% naquela região, números que “em muito se devem” à paralisação no setor da saúde.
Contactado pela Lusa, o porta-voz da Unidade Local de Saúde do Norte Alentejano (ULSNA), Ilídio Pinto Cardoso, referiu que estão apenas a ser efetuadas duas consultas nos serviços de consulta externa e que “não havia” para hoje cirurgias programadas naquela unidade hospitalar, o mesmo sucedendo-se no hospital de Elvas.
A Frente Comum da Administração Pública, da CGTP, convocou em dezembro uma manifestação nacional para 31 de janeiro contra a proposta de aumentos salariais de 0,3%, a que se seguiu o anúncio de greves nacionais por parte das estruturas da UGT - a Federação Nacional dos Sindicatos da Administração Pública (Fesap) e a Frente Sindical liderada pelo Sindicato dos Quadros Técnicos do Estado (STE).
Entretanto, várias organizações setoriais marcaram também greves para 31 de janeiro, como são os casos da Federação Nacional dos Professores (Fenprof), afeta à CGTP, da Federação Nacional dos Sindicatos dos Enfermeiros (FENSE), da Federação Nacional dos Médicos (FNAM) e do Sindicato Nacional dos Técnicos Superiores de Saúde das Áreas do Diagnóstico e Terapêutica.