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Brexit: Britânicos dão mais valor a cultura, educação e saúde do que média da UE

LUSA
31-01-2020 10:48h

As famílias britânicas gastam uma fatia muito maior do seu orçamento em cultura e lazer do que a média da União Europeia, segundo dados estatísticos da ferramenta de análise Eyedata, criada pela Social Data Lab para a Lusa.

Segundo os dados desta ferramenta, mais de 10% (11,1%) das despesas das famílias britânicas visam o lazer e o enriquecimento da cultura. Na média dos países da União Europeia, apenas 8,7% do orçamento de cada casa é dedicado a estes temas.

Mas não é só à cultura que os britânicos dão mais atenção do que os restantes europeus.

A educação e a Saúde também são, segundo a análise do Eyedata, áreas que recebem um valor relativo maior no Reino Unido.

O Governo britânico canaliza 5,49% da riqueza produzida no país (Produto Interno Bruto) para a Educação, valor muito acima dos 4,88% de média da União Europeia.

Esta opção poderá explicar outros dados, que indicam que o número de britânicos que terminou o ensino secundário e tem uma licenciatura é bastante superior à média do resto dos europeus.

Segundo a ferramenta de análise, 43,2% da população britânica tem o ensino superior (na União Europeia, a média é de 32,5%) e 80,4% dos ingleses completaram o ensino secundário, um pouco mais do que os restantes parceiros (78,2%).

O mesmo cenário repete-se no que diz respeito à Saúde. O Governo britânico despende 9,76% do PIB para este ministério, sendo que a média dos restantes países gasta 9,41% da sua riqueza com a Saúde.

Embora a produtividade média dos vários Estados seja praticamente idêntica, no Reino Unido a percentagem de população ativa é maior (50,7% contra 48,2 na UE) e o desemprego é muito menos (4% do total da população ativa, que compara com uma média de quase 7% nos outros Estados da União Europeia).

Mas nem tudo na economia do Reino Unido parece ser mais atrativo do que na restante União Europeia.

O país que deixa agora o bloco europeu, num processo que ficou conhecido como o ‘Brexit’, tem uma disparidade salarial entre homens e mulheres muito superior aos seus futuros ex-parceiros comunitários.

No Reino Unido, os homens ganham 20,8% mais do que as mulheres com cargos e funções semelhantes, valor que já desceu para 14,5% nos restantes Estados-membros.

Além disso, os britânicos preferem trabalhar por conta de outrem do que ser empreendedores.

De acordo com a análise da Eyedata, existe na União Europeia uma média superior a seis empresas por cada 100 habitantes. No Reino Unido só há quatro por cada centena de pessoas.

Ainda assim, os britânicos são, em média, menos pobres do que os restantes europeus, já que “apenas” 0,7% da população vive com menos de 5,5 dólares (4,9 euros) por dia, enquanto a média dos outros 27 Estados se eleva para 2,6 pessoas com menos deste valor diário por cada 100 habitantes.

Um pouco mais novos do que os vizinhos europeus, já que “só” 18% da população tem mais de 65 anos, enquanto a UE tem 19,5% do total populacional com idade superior a essa, os britânicos também morrem um pouco mais cedo do que os parceiros. Mas a diferença é de meses.

No Reino Unido, a esperança média de vida chega aos 81,3 anos, enquanto na União Europeia alcança os 81,9 anos.

Durante a sua vida, os britânicos divorciam-se menos do que a média da União Europeia, registando-se uma média de 39,6 divórcios por cada 100 casamentos, enquanto nos outros Estados-membros, a média chega aos 43,9.

Relacionado ou não com a preferência por se manterem casados, os britânicos também conseguem ter um saldo populacional natural positivo de 0,17 (valor a que se chega retirando o número de óbitos ao número de nascimentos na população residente), sendo que na média dos restantes o número é negativo (-0,07).

Um dado importante com que os britânicos vão ter de lidar, agora que deixarão de contar com liberdade de circulação e, consequentemente, de migração entre países da União Europeia, é a população estrangeira residente.

Nos 27 países que se mantêm no bloco, a percentagem de população estrangeira em relação ao total de residentes é de 7,8%, valor bastante menor do que o do Reino Unido, onde 9,5% da população é estrangeira.

O Conselho Europeu adotou quarta-feira, em nome da União Europeia, a decisão relativa ao Acordo de Saída do Reino Unido, concluindo os procedimentos formais para que o ‘Brexit’ se concretize hoje.

Cerca de três anos e meio depois do referendo que ditou o ‘Brexit’, e após um longo processo negocial e político, o documento foi assinado pelo Reino Unido e pela UE na semana passada e recebeu o indispensável aval do Parlamento Europeu.

O Acordo de Saída entrará em vigor no momento em que o Reino Unido sair da UE, às 23:00 de hoje (hora de Londres e de Lisboa), 00:00 de sábado, 01 de fevereiro, em Bruxelas, momento a partir do qual o Reino Unido deixa de ser Estado-Membro da UE e passa a ser considerado país terceiro.

O Acordo de Saída garante uma saída ordenada do Reino Unido da União e abrange os direitos dos cidadãos, o acerto financeiro, o período de transição, os protocolos sobre a Irlanda/Irlanda do Norte, Chipre e Gibraltar, a governação e outras questões relativas à separação.

No sábado, 01 de fevereiro, iniciar-se-á o chamado “período de transição”, até 31 de dezembro de 2020, durante o qual as duas partes negociarão a relação futura, designadamente a nível comercial.

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