A coordenadora da Frente Comum afirmou esta madrugada que é esperada “uma grande adesão” para a manifestação nacional da função pública que se realiza hoje, em Lisboa, esperando que o Governo “ouça bem alto os protestos”.
“[A manifestação] vai ter uma grande adesão, temos já elementos que nos dizem isso. Os serviços vão estar fechados, grande parte dos serviços, no sentido de as pessoas poderem estar na manifestação”, afirmou Ana Avoila aos jornalistas, durante uma conferência de imprensa à porta do Hospital de São José, em Lisboa.
A Frente Comum da Administração Pública, da Confederação Geral dos Trabalhadores Portugueses – Intersindical Nacional (CGTP), convocou em dezembro uma manifestação nacional para hoje contra a proposta de aumentos salariais de 0,3%, a que se seguiu o anúncio de greves nacionais por parte das estruturas da União Geral de Trabalhadores (UGT) - a Federação Nacional dos Sindicatos da Administração Pública (Fesap) e a Frente Sindical liderada pelo Sindicato dos Quadros Técnicos do Estado (STE).
Ana Avoila sublinhou que hoje é “dia de estar na rua para que o Governo ouça bem alto os protestos dos trabalhadores”, reiterando a reivindicação de 90 euros de aumento salarial para todos os trabalhadores a partir de 01 de janeiro.
A sindicalista reafirmou que a proposta do Governo liderado pelo socialista António Costa “não tem qualquer sentido”.
À semelhança de Ana Avoila, o secretário-geral da Federação Nacional dos Professores (Fenprof), Mário Nogueira, vincou que a manifestação “vai ter uma grande adesão” de docentes e que vai mostrar que a proposta de OE2020 “faz a pior opção de todas” para o país.
“A noção que temos [é que], pelos autocarros que são bastantes [e que] já estão confirmados, que muitos professores vão estar presentes, como estarão também trabalhadores não docentes das escolas, como estarão trabalhadores da saúde (…). Pensamos que vai ser uma grande manifestação e que vamos ter, sobretudo, os serviços. de uma forma geral, encerrados”, explicitou o dirigente sindical.
Mário Nogueira voltou a criticar a reunião marcada pelo Governo para 10 de fevereiro - quatro dias após a votação final global da proposta de Orçamento do Estado para este ano -, para discutir os aumentos salariais na função pública, considerando que é tardia.
Questionado pelos jornalistas sobre se é possível esperar um ano com muita contestação dos sindicatos, o secretário-geral da Fenprof referiu que gostaria que “não fosse assim”. Contudo, “de facto, se o rumo da governação e da política fora aquele que o OE nos faz perceber que vai ser”, então “com certeza que os trabalhadores não vão ficar calados”, acrescentou.
“Costuma-se dizer que só não se sente quem não é filho de boa gente. Os trabalhadores portugueses são filhos de ótima gente”, ironizou o sindicalista.
Várias organizações setoriais marcaram também greves hoje, como são os casos da Federação Nacional dos Sindicatos dos Enfermeiros (FENSE), da Federação Nacional dos Médicos (FNAM) e do Sindicato Nacional dos Técnicos Superiores de Saúde das Áreas do Diagnóstico e Terapêutica.
Esta é a primeira greve nacional da função pública desde que o atual Governo liderado por António Costa tomou posse, em 26 de outubro, e acontece a menos de uma semana da votação final global da proposta de Orçamento do Estado para 2020 (OE2020), marcada para 06 de fevereiro.