Se no início da pandemia da COVID-19, Portugal hesitou em recomendar o uso de máscara na rua, hoje é inequívoco que a máscara, o distanciamento social e a higienização regular das mãos, é fundamental para nos protegermos da infeção por SARS-COV 2.
Com a identificação de novas estirpes do novo coronavírus, na África do Sul, em Inglaterra e e no Brasil, todas com maior grau de infecciosidade e transmissibilidade, países como a Alemanha, a França e a Áustria já proibiram o uso de máscaras comunitárias, na via pública, e recomendam à população o uso de máscaras com maior proteção: as FFP2.
Em Portugal, a Direção Geral da Saúde (DGS) ainda não se pronunciou sobre o tema e remete uma tomada de posição, caso o Centro Europeu de Prevenção e Controlo das Doenças (ECDC) emita novas recomendações sobre a matéria.
Entrevistado pelo Canal S+, o pneumologista Luís Rocha, do IPO do Porto, recorda que utilizar “máscara sim, desde o início, mas certificada”. As máscaras feitas em casa, sem certificação, devem ser evitadas.
O médico pneumologista do IPO do Porto alerta, apesar de tudo, que a “máscara cirúrgica não serve para um dia completo” e esclarece que caso exista disponibilidade no mercado nacional, as FFP2 conferem “um perfil superior de proteção”.
O clínico lembra que as outras máscaras com as FFP3 e as KN95 devem ser utilizadas apenas por profissionais de saúde que estão mais expostos ao risco de contraírem doença e precisam, por isso, de equipamentos de proteção individual mais sofisticados.
Ao Canal S+, Luís Rocha garante que em Portugal “temos estirpes, que podem estar prevalentes, com transmissibilidade maior”, o que levou recentemente as principais figuras do Estado a aparecerem em público com máscaras de maior proteção.
Sobre a possibilidade de o país formalizar um pedido de ajuda internacional, o pneumologista do IPO-Porto vê com bons olhos “todas as ajudas, porque são ótimas”, mas adverte que “não temos jatos particulares medicalizados como fez o Cristiano Ronaldo”. Se é verdade que a Força Aérea Portuguesa (FAP) pode ajudar nestas transferências de doentes, também se torna imprescindível existir um “protocolo estabelecido”, como sucedeu em tempos para os transplantes pulmonares feitos em Espanha.
Nos últimos dias, diversas farmácias portuguesas registaram um acréscimo muito significativo de procura por máscaras de tipo FFP2, que filtram mais de 94% das partículas. As Farmácias Holon divulgaram hoje que, só no último fim de semana, foram vendidas duas mil máscaras FFP2 numa das suas farmácias e já há fornecedores em rutura de stock.