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Vírus: Estudantes cabo-verdianos em Wuhan pediram retirada da China - embaixadora

LUSA
29-01-2020 11:34h

Os 15 estudantes cabo-verdianos em quarentena em Wuhan, cidade chinesa no epicentro do surto do novo coronavírus, pediram a Cabo Verde a sua retirada do país, mas o processo está dependente nomeadamente de questões sanitárias, disse fonte oficial.

A informação foi avançada hoje, em entrevista à Lusa a partir de Pequim pela embaixadora de Cabo Verde na China, Tânia Romualdo, acrescentando que as autoridades cabo-verdianas têm registo da presença de pelo menos 420 cidadãos nacionais na China, incluindo em Macau, dos quais cerca de 350 são estudantes.

“Os estudantes em Wuhan enviaram uma carta nesse sentido [pedido de evacuação] e o Governo de Cabo Verde está a analisar todas as possibilidades. Como sabe, nessas situações, além de muitas outras questões, pesam também as orientações e protocolos sanitários internacionais”, explicou a diplomata.

A China elevou para 132 mortos e mais de 5.900 infetados o balanço de vítimas do novo coronavírus detetado no final do ano em Wuhan, capital da província de Hubei (centro).

Segundo Tânia Romualdo, não há registo de qualquer cidadão cabo-verdiano na China infetado pelo surto do novo coronavírus ou com sintomas.

O diretor do Serviço de Vigilância e Resposta às Epidemias de Cabo Verde disse terça-feira, na Praia, que o país pretende contar com apoio de Portugal para retirar os seus estudantes de Wuhan.

“Já estamos a criar planos para organizar o regresso deles, já temos informações que a sair, sairão junto com os portugueses", afirmou Domingos Teixeira, que falava no dia em que foi criada uma equipa técnica de intervenção rápida, que realizou a sua primeira reunião, na cidade da Praia, para coordenar a implementação de medidas internas de prevenção, deteção precoce de casos suspeitos de coronavírus.

Vários países já começaram o repatriamento de cidadãos de Wuhan, região com 56 milhões de pessoas que foi colocada sob quarentena na semana passada, com saídas e entradas interditadas pelas autoridades durante um período indefinido, e diversas companhias suspenderam as ligações aéreas com a China.

Em Wuhan, há registo de 16 jovens cabo-verdianos a estudar em quatro diferentes campus universitários.

“Quando o surto eclodiu, os estudantes estavam de férias e muitos viajaram dentro da China, mas também para o exterior”, explicou a embaixadora cabo-verdiana.

Do total de 16, um estudante viajou para Pequim no período de férias e outro para a Tailândia. No sentido contrário, um outro estudante cabo-verdiano viajou para Wuhan no período de férias “e foi apanhado pela quarentena”.

“As universidades introduziram medidas preventivas e de controlo. Os espaços estão a ser desinfetados regularmente e os alunos estão a ser observados, duas vezes por dia, nomeadamente através do controlo da temperatura”, disse ainda Tânia Romualdo, garantindo que todos os dias tem falado com estes estudantes, em quarentena em Wuhan.

As quase 6.000 infeções confirmadas mostram que já foi ultrapassado na China o número de pessoas afetadas durante a epidemia da Síndrome Respiratória Aguda Grave (SARS, na sigla em inglês), que atingiu 5.327 pessoas entre novembro de 2002 e agosto de 2003, segundo dados oficiais.

Hoje, foi identificado um caso de contágio pelo novo coronavírus (2019-nCoV) nos Emirados Árabes Unidos, o primeiro detetado em países do Médio Oriente.

Além do território continental da China, foram reportados casos de infeção em Macau, Hong Kong, Taiwan, Tailândia, Japão, Coreia do Sul, Estados Unidos, Singapura, Vietname, Nepal, Malásia, Austrália, Canadá, Alemanha, França e Emirados Árabes Unidos.

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