O pico do surto do novo coronavírus, detetado na China e que já fez mais de 100 mortos naquele país, deverá acontecer “entre uma semana a 10 dias”, antevê um especialista chinês citado hoje pelos ‘media’ estatais chineses.
“É difícil prever exatamente quando o pico será atingido. Mas deverá acontecer entre cerca de uma semana a 10 dias”, disse Zhong Nanshan, em declarações à agência noticiosa estatal Nova China (Xinhua), em relação ao novo coronavírus (2019-nCoV) que provoca doença respiratória potencialmente grave, como a pneumonia.
O mais recente balanço das autoridades chinesas dá conta de 106 mortos, todos verificados na China, e mais de 4.5000 pessoas infetadas, principalmente na cidade de Wuhan, capital da província de Hubei (centro), onde o vírus foi identificado pela primeira vez.
Considerado um dos melhores especialistas chineses em doenças respiratórias, Zhong Nanshan tem sido frequentemente citado pelos ‘media’ chineses.
Por exemplo, na passada quinta-feira, o perito tinha previsto que o surto não deveria ter “um desenvolvimento de larga escala”.
Zhong Nanshan ganhou reputação por ter ajudado a conter a epidemia da síndrome respiratória aguda grave (SARS) em 2002 e 2003, que matou 774 pessoas em todo o mundo, dos quais 648 na China, incluindo em Hong Kong.
Nas declarações hoje divulgadas pela Xinhua, o especialista indicou que, apesar da inexistência neste momento de uma vacina, “a taxa de mortalidade [associada ao novo coronavírus] deve continuar a baixar” por causa dos esforços das equipas médicas.
Mas ainda existem muitas interrogações sobre esta nova estirpe, nomeadamente sobre as vias de transmissão.
Zeng Guang, chefe de epidemiologia do centro chinês de controlo e de prevenção de doenças, indicou hoje que “em comparação com a SARS, o novo coronavírus foi realmente mais dissimulado”.
O vírus propagou-se rapidamente na zona de Wuhan, especialmente porque "nos casos com sintomas menos fortes, pode ser confundido como uma constipação clássica”, afirmou Zeng Guang, em declarações à televisão pública CCTV.
O epidemiologista acredita, no entanto, que a situação deve melhorar perante as previsões meteorológicas de aumento das temperaturas, uma vez que tal cenário “não é favorável ao desenvolvimento de doenças respiratórias infecciosas".
Além do território continental da China, também foram reportados casos de infeção pelo novo coronavírus em Macau, Hong Kong, Taiwan, Tailândia, Japão, Coreia do Sul, Estados Unidos, Singapura, Vietname, Nepal, Malásia, França, Alemanha, Austrália e Canadá.
As pessoas infetadas podem transmitir a doença durante o período de incubação, que demora entre um dia e duas semanas, sem que o vírus seja detetado.
As autoridades chinesas, que já admitiram que a capacidade de propagação do novo vírus se reforçou, decretaram restrições drásticas de viagens em todo o país para tentar conter a propagação do surto, bem como anunciaram a construção em tempo recorde de hospitais em Wuhan e um reforço de 6.000 médicos para a província epicentro do coronavírus.
A par destas medidas e outras, a cidade de Wuhan está em quarentena e isolada do mundo desde a passada quinta-feira.
O Governo chinês decidiu prolongar o período de férias do Ano Novo Lunar, que deveria terminar na quinta-feira, para tentar limitar a movimentação da população.