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Vírus: Presidente Xi Jinping garante que China não irá ocultar “demónio” do surto

LUSA
28-01-2020 14:40h

O Presidente chinês, Xi Jinping, garantiu hoje à Organização Mundial de Saúde (OMS) que a China não pretende ocultar o “demónio” do surto do novo coronavírus que já causou mais de uma centena de vítimas mortais naquele país.

“O surto é um demónio. Não permitiremos que este demónio fique escondido”, declarou o chefe de Estado chinês durante um encontro em Pequim com o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, segundo avançou a estação pública CCTV.

O novo coronavírus (2019-nCoV) foi detetado no final do ano na cidade de Wuhan, capital da província de Hubei (centro da China) que conta com 11 milhões de habitantes.

No mais recente balanço oficial do surto, a China confirmou 106 mortos e mais de 4.000 infetados. O anterior balanço apontava para 80 mortos e mais de 2.700 infetados.

“Desde o início, o Governo chinês mostrou abertura, transparência e responsabilidade para divulgar informações sobre o surto o mais rápido possível", frisou Xi Jinping.

As declarações de Xi Jinping surgem num momento em que muitos chineses têm denunciado uma reação tardia por parte das autoridades em relação ao novo coronavírus, mas também têm lançado críticas ao comportamento dos ‘media’.

Quando surgiram os primeiros casos de infeção, os ‘media’ chineses acusaram os internautas de estarem a espalhar “rumores” sobre um então potencial surto.

Quando a OMS decretou, entre 2002 e 2003, a epidemia da síndrome respiratória aguda grave (SARS), que foi igualmente detetada no território chinês, a organização internacional criticou fortemente Pequim por ter demorado a dar o alerta e por ter tentado ocultar a extensão do problema.

A SARS matou 774 pessoas no mundo, dos quais 648 em território chinês.

As autoridades chinesas, que já admitiram que a capacidade de propagação do novo vírus se reforçou, decretaram restrições drásticas de viagens em todo o país para tentar conter a propagação do surto, bem como anunciaram a construção em tempo recorde de hospitais em Wuhan e um reforço de 6.000 médicos para a província epicentro do coronavírus.

A par destas medidas, que segundo as agências internacionais revelam uma mudança de atitude por parte das autoridades chinesas quando comparado com a crise da SARS, a cidade de Wuhan está em quarentena e isolada do mundo desde a passada quinta-feira.

Já do lado da OMS, e a propósito do encontro entre Tedros Adhanom Ghebreyesus e Xi Jinping, o porta-voz da organização internacional, Christian Lindmeier, adiantou em Genebra que os dois responsáveis analisaram a possível retirada de cidadãos estrangeiros de cidades chinesas, nomeadamente de Wuhan, cenário que está a ser equacionado por vários países, incluindo Portugal.

Os dois representantes também analisaram as medidas a tomar para evitar que estas repatriações contribuam para a propagação do vírus.

Ainda sobre a deslocação de Tedros Adhanom Ghebreyesus a Pequim, o porta-voz disse que o diretor-geral da OMS também manteve encontros com os ministros da Saúde e dos Assuntos Externos chineses, Ma Xiaowei e Wang Yi, respetivamente.

Na conferência de imprensa em Genebra, Christian Lindmeier sublinhou que o rápido aumento de casos de infeção não levanta, neste momento, motivos para convocar novamente o comité de emergência da OMS para avaliar uma eventual declaração de emergência internacional.

"São necessários três critérios: que se trate de um evento extraordinário, que constitua um risco de rápida expansão em outros países e que exija uma resposta internacional coordenada", esclareceu Christian Lindmeier, indicando que, apesar de não ter sido emitido um alerta global, já existe uma resposta coordenada em todo o mundo.

Além do território continental da China, também foram reportados casos de infeção pelo novo coronavírus em Macau, Hong Kong, Taiwan, Tailândia, Japão, Coreia do Sul, Estados Unidos, Singapura, Vietname, Nepal, Malásia, França, Alemanha, Austrália e Canadá.

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