A falta de consumíveis importados da China para o fabrico de duas vacinas contra a covid-19 autorizadas no Brasil, a CoronaVac e AstraZeneca/Oxford, está a preocupar os fabricantes de medicamentos do país.
Segundo o jornal Folha de S.Paulo, o Instituto Butantan, instituição de investigação científica ligada ao governo regional do estado de São Paulo que firmou um contrato para fabricar a vacina do laboratório chinês Sinovac, a CoronaVac, informou que a reserva do ingrediente farmacêutico ativo (IFA) para a formulação deste imunizante só permitirá o envase do medicamento no país até ao fim do mês.
O diretor do Butantan, Dimas Covas, reafirmou hoje numa conferência de imprensa que o instituto espera a libertação de mais consumíveis da CoronaVac retidos em Pequim, pelo Governo da China.
Segundo a Folha, mais de 11 mil litros de ingredientes, suficiente para fabricar cerca de 18,3 milhões de doses da CoronaVac, deveriam chegar ao Brasil em janeiro, mas a carga está parada no aeroporto de Pequim.
O governo de São Paulo e o Ministério das Relações Exteriores estão trabalhando para obter a libertação de ingredientes produzidos na China.
Já a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), que irá fabricar a vacina desenvolvida pelo laboratório AstraZeneca e a Universidade de Oxford no Brasil, ainda espera os consumíveis para iniciar o envase e distribuição de 100 milhões de doses do remédio contratados pelo Governo brasileiro, que ainda não foram entregues.
A Fiocruz também deverá fabricar os consumíveis para produzir outras 110 milhões de doses, mas isto só deve acontecer a partir do segundo semestre do ano.
O Governo brasileiro tenta ainda libertar dois milhões de doses da vacina de Oxford compradas ao laboratório Sérum, da Índia.
O Brasil anunciou que deveria receber o imunizante no último final de semana, mas o Governo indiano não autorizou a exportação do medicamento.
Segundo a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), a China fornece 35% e a Índia 37% dos ingredientes farmacêuticos usados no Brasil.
O maior país da América do Sul não tinha aprovado nenhum imunizante contra o novo coronavírus até domingo, quando a Anvisa liberou o uso emergencial da CornaVac e da vacina desenvolvida pelo laboratório AstraZeneca e a Universidade de Oxford.
Como o Brasil possui cerca de seis milhões de doses da CoronaVac e material para fabricar outros quatro milhões de doses do mesmo imunizante, já começou a sua campanha de imunização com a vacina chinesa hoje, mas imunização pode ser paralisada se não houver a importação dos consumíveis.
O Brasil é o país lusófono mais afetado pela pandemia e um dos mais atingidos no mundo, ao contabilizar o segundo maior número de mortos (209.847, em mais de 8,4 milhões de casos), depois dos Estados Unidos.
A pandemia de covid-19 provocou, pelo menos, 2.031.048 mortos resultantes de mais de 94,9 milhões de casos de infeção em todo o mundo, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.
A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de dezembro de 2019, em Wuhan, uma cidade do centro da China.