A embaixada da China na Dinamarca exigiu hoje que o jornal Jyllands-Posten peça desculpas pela publicação de uma caricatura satírica sobre o novo coronavírus (2019-nCoV), que já matou 106 pessoas na China.
A caricatura, publicada na edição de segunda-feira, apresenta uma bandeira chinesa em que no lugar das cinco estrelas amarelas figuram desenhos que representariam o coronavírus.
Pequim considerou a caricatura um "insulto” e "magoa os sentimentos" de seu povo, segundo comunicado da embaixada.
"Sem nenhuma empatia, foi cruzada a linha de uma sociedade civilizada e os limites éticos da liberdade de expressão, ofendendo a consciência humana. Expressamos nossa indignação e exigimos que Jyllands-Posten e Niels Bo Bojesen (o autor) considerem-se culpados e peçam desculpas publicamente ao povo chinês", lê-se na nota.
O jornal conservador dinamarquês, diário de maior expansão no país, no entanto, rejeitou que qualquer tipo de perdão e garantiu que a sua intenção não era ofensiva.
O governo social-democrata dinamarquês ainda não se pronunciou sobre o caso, mas líderes de vários partidos no parlamento concordaram que o jornal não deveria se desculpar e criticaram as "pressões" da China.
Em setembro de 2005, o jornal Jyllands-Posten publicou 12 caricaturas de Maomé, incluindo uma com um turbante armado com explosivos, que causou meses depois um conflito político entre a Dinamarca e o mundo islâmico, incluindo ataques a representações dinamarquesas e boicote comercial de produtos deste país nórdico.
O jornal e o Governo dinamarquês rejeitaram a exigência de desculpas de vários países islâmicos, apelando ao seu direito à liberdade de expressão.