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Venezuela: Lisboa pondera alargar às doenças crónicas fármacos que distribui a portugueses

LUSA
28-01-2020 10:45h

O Governo português está a ponderar alargar o leque de medicamentos que distribui através das redes de apoio a cidadãos nacionais residentes na Venezuela, para incluir também as doenças crónicas, disse hoje a secretária de Estado das Comunidades Portuguesas.

"Tivemos oportunidade de falar com algumas pessoas, percebemos que o apoio (de Portugal) é muito bem-vindo, que agradecem muito, mas que precisam de um pouco mais e foi-nos também dito o que é que precisavam além do que já estão a receber e nós iremos verificar se podemos melhorar esse apoio e alargar o leque de medicamentos para doenças crónicas, que são necessários", disse Berta Nunes.

A governante falava à agência Lusa em Carrizal, no estado venezuelano de Miranda (sul de Caracas), após visitar uma clínica e reunir-se com um médico português que faz parte da rede de assistência médica criada pelo executivo português e que apoia luso-venezuelanos com consultas, medicamentos e exames.

"De tudo o que vi até ao momento, parece-me que a situação do serviço de saúde (na Venezuela) é realmente muito delicada. Continua a existir um serviço público de saúde, mas simplesmente quando são situações mais graves não há uma resposta de qualidade”, considerou.

Berta Nunes adiantou que teve “vários relatos de portugueses que, embora sejam pessoas com algumas posses, que não são pessoas carenciadas, se tiverem uma situação de saúde grave podem ficar endividadas e não ser capazes de conseguir pagar um atendimento de qualidade".

A secretária de Estado reconheceu, por outro lado, que os medicamentos que Portugal está a enviar para a Venezuela, que são pedidos pelos luso-venezuelanos, têm sido obtidos pela Autoridade Nacional do Medicamento e Produtos de Saúde e laboratórios farmacêuticos.

"É evidente que se houver situações específicas, que o Estado tenha de também dar o seu contributo, dará. Até ao momento, felizmente, também estamos a contar com a doação dos laboratórios e isso é importante porque o esforço deve ser de todos e, aliás, vimos bem, aqui na Venezuela, que as pessoas, toda a comunidade, se mobiliza para apoiar", disse.

Antes de visitar a área de consulta médica, Berta Nunes visitou a sede da organização não-governamental "Regala una sonrisa" (Dá um sorriso), fundada e administrada por um luso-venezuelano, Francisco Soares.

"A ONG ‘Regala una sonrisa’ trabalha com pessoas sem-abrigo, que estão nas ruas, e também identificou alguns portugueses, poucos felizmente, cujos problemas foram resolvidos com o apoio da comunidade", afirmou a secretária de Estado.

Segundo Berta Nunes, esta visita foi também importante porque há “muitos idosos que não estão na rua, mas que estão sozinhos em casa, em situações muitas vezes de abandono e até de indigência e esta ONG, com o apoio da Direção-Geral dos Assuntos Consulares e Comunidades Portuguesas”, vai também “começar a trabalhar essas situações".

"Não significa que não haja outras associações a fazer esse trabalho. Existem, mas quanto mais associações tivermos, melhor, porque é verdade que temos aqui uma comunidade envelhecida, que é uma emigração já antiga e muitos filhos tiveram de sair da Venezuela", observou.

"A situação de idosos a viver sozinhos é um problema que temos de procurar ativamente identificar e apoiar", acrescentou, elogiando o trabalho do Centro Português de Caracas e as obras do Santuário de Nossa Senhora de Fátima, em Carrizal.

A secretária de Estado das Comunidades Portuguesas, Berta Nunes, iniciou, no sábado à noite, uma visita de cinco dias à Venezuela, para contacto com as autoridades locais e portugueses nas localidades de Caracas, Los Teques (Carrizal), Maracay e Valência.

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