Estados Unidos, Japão, Alemanha, França e outros países estão a planear a retirada dos seus cidadãos que estão em Wuhan, epicentro do surto do novo coronavírus (2019-nCoV) na China, que já matou 80 pessoas e mais de 2.700 infetados.
O consulado dos Estados Unidos em Wuhan, a cidade mais afetada por este surto do novo coronavírus, está a planear um voo fretado na terça-feira para retirar o pessoal diplomático e alguns outros norte-americanos.
A embaixada dos Estados Unidos em Pequim disse que a capacidade limitada no voo para São Francisco significa que a prioridade será dada aos indivíduos “com maior risco” de apanhar o coronavírus.
O porta-voz do Governo japonês, Yoshihide Suga, disse que 560 cidadãos japoneses estão confirmados em Hubei e que voos fretados estão a ser preparados para a saída destas pessoas “o mais rápido possível”.
"A embaixada do Japão em Pequim disse que a retirada inicial é limitada aà que estão em Wuhan. Espera-se que os retirados incluam funcionários da Honda Motor Co., Tokyo Electron, Aeon Co. e outras empresas japonesas que operam em Wuhan”, declarou o porta-voz do Governo japonês.
O primeiro-ministro japonês, Shinzo Abe, disse que designará o novo coronavírus como uma doença infecciosa sujeita a hospitalização e isolamento forçados, medidas preventivas para a preparação da retirada dos cidadãos da China.
A ministra da Saúde francesa, Agnes Buzyn, disse que os cidadãos franceses que querem deixar Wuhan serão transportados num voo direto para França em meados da semana em curso e, então, mantidos em quarentena por 14 dias.
A montadora francesa PSA, que produz carros Peugeot e Citroen, disse que estava a retirar os seus funcionários expatriados e as suas famílias de Wuhan e colocando-os em quarentena numa outra cidade.
Hoje, o ministro dos Negócios Estrangeiros da França, Jean-Yves Le Drian, disse que se está a preparar uma retirada aérea dos seus cidadãos de Wuhan.
“Em conexão com os Ministérios do Interior, Saúde e Forças Armadas, estamos a implementar uma operação de retorno por via aérea para os nossos nacionais”, disse Le Drian, especificando que essa retirada ocorrerá “‘a priori’, no meio da semana”.
A embaixada do Sri Lanka em Pequim solicitou que um avião da Sri Lankan Airlines pudesse pousar no aeroporto de Wuhan para retirar 32 estudantes do Sri Lanka e os seus familiares desta região.
O Ministério dos Negócios Estrangeiros também disse que estava a trabalhar para trazer de volta todos os outros estudantes do Sri Lanka por toda a China. Cerca de 860 estudantes cingaleses estão naquele país.
A ministra dos Negócios Estrangeiros da Austrália, Marise Payne, anunciou que o seu Governo está “a explorar todas as oportunidades” para ajudar na retirada de vários australianos que supostamente estão em Wuhan.
A governante não deu mais detalhes. A Austrália não tem representação consular em Wuhan.
O ministro dos Negócios Estrangeiros da Alemanha, Heiko Maas, disse, por seu lado, que o seu país está a pensar retirar os seus cidadãos de Wuhan e que o comité de resposta a crises do Governo irá encontrar-se em breve com especialistas médicos para avaliar a situação.
Maas disse que o número de cidadãos alemães em Wuhan está na casa dos dois dígitos. O Negócios Estrangeiros da Alemanha atualmente aconselha os alemães a abster-se ou adiar as "viagens não essenciais" para a China.
Além do território continental da China, também foram reportados casos de infeção em Macau, Hong Kong, Taiwan, Tailândia, Japão, Coreia do Sul, Estados Unidos, Singapura, Vietname, Nepal, Malásia, França, Austrália e Canadá.
As pessoas infetadas podem transmitir a doença durante o período de incubação, que demora entre um dia e duas semanas, sem que o vírus seja detetado.
A China prolongou já por três dias as férias do Ano Novo Lunar, até 02 de fevereiro, para desencorajar viagens e tentar conter a propagação do coronavírus.
A Mongólia, que compartilha uma longa fronteira com a China, decidiu encerrar hoje os pontos de travessia rodoviária com este país para evitar a propagação do novo coronavírus.
O Governo português desaconselhou “viagens não essenciais” à China e admitiu a retirada de portugueses de Wuhan, se a medida for viável à luz das regras de saúde pública.
Cerca de duas dezenas de cidadãos portugueses residem em Wuhan.