A França vai organizar “um repatriamento por via aérea direto” para os seus cidadãos que se encontram na região de Wuhan, epicentro da epidemia de coronavírus na China, e pretendam sair do país, anunciou hoje a ministra da Saúde, Agnès Buzyn.
Agnès Buzyn indicou aos media que estão a ser concluídos os preparativos para garantir um voo direto a partir da cidade chinesa. A decisão foi tomada na reunião que juntou a ministra da Saúde, o primeiro-ministro Édouard Philippe, o titular do Interior, Christophe Castaner, a porta-voz do Executivo, Sibeth Ndiaye, e o secretário de Estado dos Transportes, Jean-Baptiste Djebbari.
O consulado francês está em contacto com os franceses residentes em Wuhan, para registar todos os que pretendam abandonar a região.
Buzyn admitiu que podem existir “várias dezenas e várias centenas” de pessoas interessadas. A ministra sublinhou que esta operação, que deverá decorrer durante esta semana, “será efetuada de acordo com as autoridades chinesas” e sob a supervisão de uma “equipa médica dedicada”.
As pessoas repatriadas deverão “permanecer num local de acolhimento durante 14 dias”, o período de incubação calculado, precisou a ministra após a reunião convocada pelo primeiro-ministro.
A França já confirmou três casos de coronavírus. Os três doentes tinham viajado recentemente para a China e dois estão hospitalizados em Paris, enquanto o terceiro está numa unidade hospitalar de Bordéus (sudoeste).
As autoridades francesas estão a examinar seis novos caso, relacionados com pessoas que viajaram para a China, mas que não estiveram em contacto com as três já confirmadas.
O novo coronavírus foi detetado na cidade chinesa de Wuhan (centro) no final de 2019, e já provocou a morte de 56 pessoas na China.
Mais de duas mil pessoas foram dadas como infetadas, a maioria no território continental da China, mas há também casos confirmados em Macau, Hong Kong, Taiwan, Tailândia, Japão, Coreia do Sul, Estados Unidos, Singapura, Vietname, Nepal, Malásia, França, Austrália e Canadá.
Em Portugal, não se confirmou a infeção de um homem que apresentava suspeitas e que foi hospitalizado no sábado, em Lisboa, depois de ter regressado de Wuhan.
Quanto às duas dezenas de portugueses que estão na zona afetada, Lisboa admite retirá-los para Portugal, mas não esclareceu ainda o modo como irá proceder.
O ministro da Saúde chinês, Ma Xiaowei, alertou hoje que os infetados podem transmitir a doença durante o período de incubação, que demora entre um dia e duas semanas.
Durante aquele período, os infetados não revelam sintomas, o que anula o efeito das medidas de rastreio, como medição de temperatura nos aeroportos ou estações de comboio.
Os sintomas incluem febre, dor, mal-estar geral e dificuldades respiratórias.