O presidente do Conselho Económico e Social das Nações Unidas (ECOSOC) anunciou hoje as prioridades da comunidade internacional para a recuperação dos impactos da pandemia de covid-19 em linha com os objetivos de desenvolvimento sustentável.
As finanças, os investimentos em infraestrutura sustentável e o uso aplicado de ciências e tecnologia são os principais pilares para o desenvolvimento sustentável, defendeu hoje Munir Akram, presidente do ECOSOC, numa conferência virtual de fim do ano.
“Para lidar com as consequências, temos de ter capacidade de resposta de emergência e estrutural”, declarou o presidente do ECOSOC, defendendo a necessidade de aliviar ou congelar dívidas de países em desenvolvimento e gerar mais liquidez financeira.
Gerar e mobilizar o financiamento necessário para que os países tenham espaço fiscal para recuperar do impacto do vírus são alguns dos objetivos para o próximo ano, segundo o ECOSOC.
Munir Akram apelou que o mundo una esforços para “identificar que inovações, descobertas científicas e tecnologias têm de ser aplicadas para a promoção do desenvolvimento sustentável”.
A experiência da procura de uma vacina contra a covid-19 demonstrou que “quando temos um objetivo claro para a inovação, somos capazes de mobilizar os recursos necessários para atingir o objetivo”, disse o também representante permanente do Paquistão junto da ONU.
Desta forma, continuou Munir Akram, quando a identificação dos objetivos for concluída, os esforços podem ser melhor direcionados para a orientação das investigações pelas instituições científicas, especialmente instituições públicas em todo o mundo.
O presidente do ECOSOC sugeriu também a criação de uma base de dados das tecnologias disponíveis que podem ser benéficas para os países em desenvolvimento, nomeadamente para a eliminação da pobreza e da fome ou para dar respostas eficazes aos desastres naturais.
A base de dados das tecnologias disponíveis em todo o mundo deverá ajudar a cooperação internacional e funcionar para “alinhar o regime de propriedade intelectual com os objetivos de desenvolvimento sustentável”, uma outra prioridade do ECOSOC.
Por último, o ECOSOC pretende que se consiga “digitalizar as economias dos países em desenvolvimento”, para que haja mais capacidades de comunicação e continuação do comércio em situações de crise por desastres naturais ou pelos confinamentos obrigatórios impostos devido às pandemias.
É necessário “fechar o hiato digital” entre as economias desenvolvidas e as em desenvolvimento, destacou o representante paquistanês.
Munir Akram afirmou que alguns processos já foram lançados e serão discutidos em fóruns promovidos pelo ECOSOC no próximo ano, como o fórum de Ciências, Tecnologias e Inovação, o Fórum de Cooperação para o Desenvolvimento e o Fórum Político de Alto Nível.
O presidente do ECOSOC, que é também o representante do Paquistão junto da ONU, sublinhou também a “necessidade de uma mudança estrutural na arquitetura financeira” global e de alinhar o regime de comércio internacional com os objetivos de desenvolvimento sustentável, tornando as economias mais verdes e menos dependentes de combustíveis fósseis.
Munir Akram defendeu que tem de existir uma “harmonização” das regulações em cada país e que a ligação entre investidores e países em desenvolvimento tem de ser reforçada.
“A ideia é ter um quadro de políticas que pode harmonizar os investimentos para o desenvolvimento sustentável”, disse, aproveitando-se o sistema das Nações Unidas, composto por 193 Estados-membros.
Segundo o representante do Paquistão junto da ONU, os Estados-membros são “instrumentos excelentes” para identificar e formular potenciais projetos de infraestruturas sustentáveis e para garantir a operacionalidade de estudos.